Eliane Moreira (texto) e Renato Alves (fotos)
Preparem as câmeras para as badaladas do relógio. O espetáculo vai começar. Perdeu o show? Não se preocupe, daqui a uma hora tem mais.

Diariamente, à hora certa, das 9h às 21h, uma multidão de turistas se aglomera em frente à antiga prefeitura de Praga, capital da República Tcheca, para assistir a performance das figuras do relógio astronômico.
Um esqueleto simbolizando a morte inicia o ritual. Em seguida, os 12 apóstolos se apresentam em procissão, até que o canto de um galo finaliza o show e o relógio começa a bater a hora.
Outros personagens se movem durante o espetáculo, como o turco que sacode a cabeça, o vaidoso que se olha no espelho e o avarento que joga com sua bolsa.
Reza a lenda que a construção do relógio agradou tanto que o pobre relojoeiro foi cegado, para nunca mais construir maravilha igual.
Entre uma badalada e outra, aproveite para conhecer o que faz de Praga uma das cidades mais belas da Europa. Construções em estilos gótico, renascentista, barroco e art noveau compõem um cenário de tirar o fôlego.
Staré Mesto, a cidade velha
Além do relógio astronômico, outras atrações contribuem para o vai e vem de turistas por Staré Mesto. As mais visitadas são a Praça da Cidade Velha, cercada por prédios históricos, bares e restaurantes (foto acima), o Convento de Santa Agnes, em estilo gótico, e o bairro judeu ou Josefov.
Poucas cidades europeias têm um bairro judeu tão conservado como o de Praga. Sinagogas e o antigo cemitério podem ser visitados adquirindo ingressos cujos valores variam de acordo com o número de atrações que se pretenda conhecer.
Ponte Carlos
Nem mesmo a multidão incessante de turistas tira a beleza e o fascínio da Ponte Carlos, uma das pontes mais famosas do mundo.
Delimitada por torres góticas, por toda sua extensão uma galeria de estátuas barrocas tornam o monumento único. A estátua de São João Nepomuceno, dizem, traz sorte a quem nela tocar (foto abaixo). Não custa nada tentar.

Reservado aos pedestres, além dos turistas, pintores, artesãos e artistas de rua lotam a ponte. Por isso, para melhor aproveitar sua beleza e de tabela garantir melhores fotos, vale a pena acordar cedo e chegar à ponte aos primeiros raios do sol.

Castelo de Praga
Do outro lado do rio Moldava, bem lá no alto, impõe-se o Castelo de Praga, um enorme complexo com palácios, igrejas, museus e jardins. Tão grande que foi considerado pelo Guiness Book o maior castelo do mundo, cobrindo uma área de mais de 70.000 metros quadrados.
Uma das atrações mais importantes de Praga, o Castelo sempre foi ocupado pelas autoridades da região, desde imperadores e monarcas, até os presidentes dos dias atuais.

Entre as construções históricas, destaca-se a belíssima Catedral de São Vito, cuja riqueza de detalhes arquitetônicos impressiona qualquer visitante. Se no passado a catedral sediava as cerimônias de coroação dos monarcas, hoje abriga tumbas de santos e antigos reis.
Com menos ostentação, a Basílica de São Jorge recebe concertos de música clássica. Para se programar, vale a pena dar uma checada no site oficial.
Já o Palácio Real, fundado no século IX, sedia uma exposição permanente sobre a história da cidade. Bastante pitoresco, no entanto, e por isso muito visitado pelos turistas, a Golden Lane, uma rua de casinhas coloridas dentro do complexo do castelo, servia de residência aos trabalhadores do castelo. O famoso escritor tcheco Franz Kafka morou de 1916 a 1917 no número 22.
O complexo do castelo abre diariamente das 6h às 22h. Já os prédios históricos, das 9h às 17h, entre os meses de abril e outubro, e das 9h às 16h, de novembro a março. Pode-se optar por três tipos de ingresso, de acordo com o circuito ou número de atrações que se deseja conhecer. Também são oferecidas visitas guiadas e audioguias.
Malá Strana
Considerado por muitos o melhor lugar para se hospedar em Praga, esse antigo bairro residencial, aos pés do Castelo de Praga, margeado pelo rio Moldava, conserva o título de pedacinho mais charmoso da capital tcheca. Tem de tudo um pouco: inúmeros restaurantes, belíssimos jardins e parques, lojinhas típicas do artesanato local, além de feirinhas de comidas típicas nos finais de semana.
É também em Malá Strana que fica o Museu Franz Kafka, dedicado ao autor de obras internacionalmente conhecidas como A Metamorfose e O Processo.
A vida e a obra do escritor estão expostas de forma interativa, e no local, além de souvenirs, é possível comprar os livros do autor em diferentes línguas. Aberto diariamente, das 10h às 18h.
Algumas curiosidades também cercam o bairro de Malá Strana. Após a morte de Jonh Lennon, os jovens tchecos passaram a deixar em um muro do bairro poemas e letras dos Beatles e do cantor. Durante o período comunista, também mensagens de revolta contra o sistema, além de velas e flores contra o regime totalitário.
O muro de John Lennon, como ficou conhecido, tornou-se atração turística. Já foi pintado algumas vezes, mas os grafites, desenhos e mensagens voltam a aparecer pelas mãos dos que visitam o local.
Por lá também se pode passar pela menor rua do mundo. Tão estreita que só se pode uma pessoa de cada vez. Pequena, mas organizada: um sinal de trânsito controla o “fluxo” no local.
Nové Mesto, a cidade nova
Fundada em 1348, a cidade nova surgiu para desafogar a cidade velha e Malá Strana, já bastante populosos à época. Hoje concentra boa parte do comércio de Praga, com lojas modernas, restaurantes, casinos e casas de câmbio.
Cartão postal da cidade nova, a Praça Venceslau, mais propriamente um extenso bulevar do que uma praça (foto acima), testemunhou alguns dos momentos históricos mais importantes da história do país.
Em 1968, tanques soviéticos invadiram a alameda para combater a Primavera de Praga, onde foram enfrentados por pacifistas e radicais. O conflito resultou em 72 mortos e centenas de feridos. O estudante Jan Palach se matou em plena praça, atirando fogo ao próprio corpo e tornando-se símbolo da luta anticomunista.
A Praça também foi palco da Revolução de Veludo, em 1989, quando o governo comunista foi deposto e Václav Havel tornou-se o primeiro presidente do país eleito de forma democrática desde 1946.
Um dos destaques da praça é o monumento de São Venceslau, estátua do santo, montado em um cavalo.
Ao final do bulevar, o majestoso Museu Nacional de Praga (foto acima), que já vale a visita por sua arquitetura renascentista, possui coleções de ciências naturais e objetos pré-históricos.
Lado a lado com um McDonald’s (foto ao lado), o Museu do Comunismo, na cidade velha, reúne objetos e recria cenários do período em que o país esteve sob a cortina de ferro.
No acervo, estátuas e bustos de Lênin, Stálin, Marx, pinturas do realismo socialista, o estilo artístico oficial da União Soviética, mobiliário de uma casa de operários e salas de interrogatório da polícia secreta comunista.
Também estão expostos um balcão de mercearia em que os tchecos podiam retirar 2 kg de carne (a feira do mês, marcada numa cartela de consumo) e até o macacão de um cosmonauta do programa espacial russo, tão evidente na rivalidade com os Estados Unidos na Guerra Fria.
Os tchecos se envergonham do Museu do Comunismo. Escondido entre o McDonald’s e um pequeno cassino, está fora dos roteiros turísticos oficiais. É um dos meios mais fáceis de ver a amargura que eles guardam daqueles tempos.
O museu foi fundado por um magnata norte-americano, Glenn Spicker, que comprou quase toda a coleção em feiras de antiguidade e em mercados de rua de países do Leste Europeu.
Mais do que a coleção, comunista mesmo parece ser o próprio museu: decadente e um tanto mal organizado.
Com ou sem parada para um lanche no McDonald’s, o lugar, mais antissoviético do que o esperado -o lema da instituição é “Comunismo: sonho, realidade e pesadelo”-, vale a pena pelo registro histórico de um tempo não tão distante.
Ele fica aberto diariamente, das 9h às 21h, na Příkopě 852/10 (ww.muzeumkomunismu.cz/).
Destoando das construções locais, o Prédio Dançante tornou-se um símbolo da arquitetura moderna de Praga. Se no início divergiu opiniões, causando até constrangimentos, hoje tornou-se mais uma atração da cidade, tendo recebido vários
ANTES DE IR
Línguas: Tcheco e eslovaco. O ing
lês é amplamente difundido
Moeda: Koruna (Coroa Tcheca)
Como ligar para o Brasil: Não é possível fazer ligações a cobrar para o Brasil. Use um cartão telefônico.
Visto: Não é necessário
Saúde: Não há exigências específicas
Melhor época para visitar: Primavera e outono, quando as hordas de turistas não estão na cidade
Como chegar
Aéreo – Não há voos diretos entre o Brasil e a República Tcheca. Mas Praga é facilmente acessível por meio das diferentes companhias aéreas que servem cidades brasileiras e a Europa. O aeroporto internacional Ruzyne (PRG) fica a cerca de 20km do Centro. O jeito mais prático e confortável para se chegar lá é através de táxis (30 minutos, cerca de 800 coroas). Vans oferecem serviços até a porta de seu hotel por cerca de CZK 400 por pessoa. Há também serviços de ônibus comum e expresso (até a estação ferroviária central) por, respectivamente, CZK 32 e CZK 54, saindo a cada meia hora.
Ferroviário – Praga é razoavelmente bem servida por um sistema ferroviário que a liga com as principais cidades não só da República Tcheca, mas também de toda Europa Central. As partidas diárias para destinos importantes, como Munique (6 horas de duração, 2 trens diários), Salzburgo (6h40), Viena (4h30), Berlim (4h45) e Varsóvia (11h30, trem noturno), são relativamente frequentes, em trens confortáveis e seguros. A estação central é conhecida como Praha hlavní nádraží (Praha hl.n), situada a poucas quadras da praça Vaclaveske Namesti (Praça Venceslau).
Rodoviário – de carro, pode-se chegar a Praga através de estradas razoavelmente bem sinalizadas e pavimentadas. Como muitas pessoas não falam o inglês, é recomendável utilizar um serviço de GPS. Note também que é necessário utilizar um adesivo especial em seu parabrisa para utilizar as autoestradas nacionais. Este é um dos meios mais agradáveis para conhecer o país, fazendo paradas em vilarejos e pequenas cidades, ou para ter maior flexibilidade na hora de explorar locais de forte apelo turístico, como Ceske Budejovice, Cesky Krumlov ou Plzen.
Onde ficar
A nossa escolha – Coladinho na Ponte Carlos, em Malá Strana, o Hotel Pod Vezi é um achado. Não é luxuoso, nem merece nota 10 em conforto, mas é extremamente bem localizado e aconchegante. Sabe a sensação de estar em casa? Funcionários simpáticos, bom café da manhã, e ainda oferece 15% de desconto nas refeições feitas no restaurante anexo, além de uma fatia de torta de chocolate de cortesia.
Outras opções – O confiabilíssmo Viaje na Viagem tem um post com mais dicas: Onde ficar em Praga: 10 hotéis em Malá Strana
Informações atualizadas
O Visitar Praga traz informações preciosas e atualizadas sobre a cidade.
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Guia de Praga, pra ler, reler e colocar em prática! \o/
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