As atrações da histórica Pilar de Goiás

 

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Sinos da igreja de Nossa Senhora do Pilar – Foto de Renato Alves

Os tesouros históricos de Goiás vão além de Pirenópolis e Goiás Velho. A 320km de Brasília, Pilar tem o conjunto arquitetônico e paisagístico tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 1954. São duas igrejas e mais de 20 casarões centenários. Alguns exibem elementos únicos na arquitetura brasileira, mas permanecem a maior parte do tempo fechado, por falta de morador e de visitante. Outros tantos ameaçam desabar por ausência de manutenção.

pilar de goias 2Entre serras paralelas, Pilar teve como fundadores escravos, que criaram o Quilombo de Papuã. Eles descobriram o ouro, responsável, em grande parte, pela fundação do município, em 1741. No auge da mineração, Pilar chegou a abrigar 15 mil pessoas, ainda no século 18. Com o fim da atividade, a população caiu para 1,5 mil moradores. A decadência aumentou na Revolução de 1932, quando homens deixaram a localidade para combater o movimento paulista que visava derrubar o governo provisório de Getúlio Vargas.

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Rua de Pilar de Goiás – Foto de Renato Alves

Andar pelas poucas e estreitas ruas de Pilar, hoje com 2,7 mil habitantes, é como se sentir em uma cidade-fantasma. Quase não se vê carro nem gente nas vias, calçadas e praças. A maioria dos trabalhadores passa o dia na lavoura. Como quase todos os moradores fazem as refeições em casa, não há restaurante. As opções para comer e beber se restringem a uma dezena de botequins. Excelentes para quem aprecia bebidas e quitutes típicos do interior goiano, como cachaça, empada e pastel, com preços irrisórios e gente contadora de causos. As lojas funcionam como os antigos armazéns de secos e molhados, com as compras anotadas em caderninhos dos clientes, no fiado.

 

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Sinos da igreja de Nossa Senhora do Pilar – Foto de Renato Alves

Chafariz

 

Percorre-se todas as atrações históricas de Pilar a pé, com destaque para a Casa da Princesa e as igrejas de Nossa Senhora do Pilar (a matriz) e de Nossa Senhora das Mercês. Ao lado da matriz, em um campanário, estão os três maiores sinos feitos para um templo em Goiás.Fabricados em 1785, pesam, em média, 900kg.

Ao pé deles fica o Chafariz São José, de 1745, que ainda sacia a sede com água pura. Erguida pela irmandade dos pardos, a Mercês é uma das três igrejas mais importantes do período no país, a única que guarda maior originalidade e integridade.

Construída entre 1783 e 1824 pelos escravos, a igreja tem estilo colonial, com talha barroca no altar-mor em madeira, assim como um púlpito e coro também em madeira. A torre sineira lateral com escada exterior é típica das igrejas menores do período em Minas Gerais.

Casa da Princesa

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Fachada da Casa da Princesa – Foto de Renato Alves

O prédio que abriga o museu de Pilar é um dos últimos no país a preservar janelas de gelosia, estilo árabe trazido pelos portugueses. Considerada a construção mais luxuosa do ciclo do ouro em Goiás, o interior do casarão impressiona pelas pinturas de portas e tetos em gamela. É a mais importante obra arquitetônica não religiosa do barroco do século 18 de Goiás. Conhecido como Casa da Princesa, nele morou a Princesa Isabel por dois semestres, no apogeu da mineração, quando Pilar tinha a maior produção aurífera goiana.

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Casarão abandonado em Pilar de Goiás – Foto de Renato Alves

Em 10 anos, Pilar produziu o equivalente a todo o ouro extraído de toda a província de Goiás produziu em um século. Razão pela qual a administração provincial se transferia para ela por seis meses do ano.

Sede da Secretaria de Cultura, a Casa de Câmara e Cadeia da cidade é a menor do tipo no Brasil. Nesses espaços, no Brasil Colônia, funcionavam os órgãos da administração pública municipal. Abrigava ainda a cadeia, onde acusados eram julgados e, se condenados, levados presos. Em condições muito precárias eles morriam doentes ou enforcados. Inúmeros escravos morreram na forca erguida ao redor da Igreja Nossa Senhora das Mercês, em uma colina. Em outro extremo da cidade fica a Prainha da Limeira, antiga lavanderia de roupa das escravas.

O essencial da Grécia

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Foto por jimmy teoh em Pexels.com

O leitor Luiz Otávio Borges de Moura, que acabou de chegar da Grécia, gostou tanto da experiência que decidiu compartilhar a experiência. Ele enviou dicas preciosas para uma viagem ao país, em um roteiro que inclui as três mais famosas cidades.

Quando ir?

Os melhores meses são junho e setembro, com temperaturas amenas e sem os preços da alta temporada (voo e hotel) de julho e agosto.

Atenas

Ficamos no Titania Hotel, com bom custo benefício (confortável e preço mediano) e ótima localização. Fizemos tudo a pé. Os lugares ficavam no máximo a 3km. Quando se vai familiarizando com o lugar, nem se sente a caminhada.

Como quase tudo é a céu aberto, para os meses mais quentes recomendo roupas leves e confortáveis e muito filtro solar!!!

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Foto por Josiah Lewis em Pexels.com

Atenas não era o nosso foco principal da viagem (queríamos praia e lugares bonitos para descansar), mas como chegaríamos por lá, resolvemos ficar duas noites. Valeu a pena! Como os dias de verão são muito longos (a noite escurecia só lá pelas 21h), tivemos tempo para visitar os principais locais: Complexo da Acrópole (Parthenon, Odeão de Herodes, Erecteion, Teatro de Dionísio etc.). Na bilheteria da Acrópole, sugiro comprar logo o ingresso com direito a todas as atrações, pois, a medida que se vai caminhando, caso se queira entrar em uma atração (Ágora, Templo de Zeus, Templo de Hefesto, Biblioteca de Adriano…), já está com o ingresso às mãos.

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Foto por Josiah Lewis em Pexels.com

Vale a pena visitar: Museu da Acrópole, Plaka (bairro bem legal, com bares e restaurantes), Monastiraki (praça, mercado de pulgas, suvenir), Praça Syntagma e Parlamento Grego. Achei bem interessante também caminhar pelo parque próximo ao hotel (National Garden, Εθνικός Κήπος). Atrás desse parque, fica um bairro bem legal onde está situado o Palácio Presidencial e várias embaixadas. No final dessa rua, está o Estádio Panatenaico (sede das primeiras olimpíadas da era moderna).

Almoçamos e jantamos sempre em Plaka. Difícil errar em restaurante. Muitas opções e culinária muito gostosa. Pratos geralmente em torno de 10 a 15 euros.

Se tivesse mais tempo, ficaria um dia a mais em Atenas. Teria mais calma para algumas visitas. Não conseguimos ir ao Monte Licabeto (com uma vista legal da cidade).

Mikonos

Fomos para Mikonos de barco. Várias empresas fazem o traslado. Comprei pela SeaJets, por recomendação de uma blogueira. Achei simples comprar online e para pegar a passagem basta  chegar com uma hora de antecedência da saída do barco. Se for em alta temporada, recomendo comprar online com antecedência. Vale a pena também já combinar com o hotel um carro para te buscar no porto (fizemos isso), pois não vi muitas opções de transporte ao chegar.

Ficamos no Vencia Boutique Hotel, o qual recomendo de olhos fechados. Bem localizado, bom restaurante, confortável e com atendimento nota 10. Ficamos três noites, mas recomendo quatro. Mikonos tem muita coisa para fazer.

Quase não existe táxi na ilha, mesmo assim, decidimos não alugar carro ou quadriciclo em Mikonos e funcionou bem. Na cidade, pode-se fazer tudo a pé. Para as praias, fomos de ônibus. Achei bem tranquilo, só pegar os horários no próprio hotel. Só tem que ficar atento porque na praia Eliá, por exemplo, só tem ônibus até as 20h. Em outras praias mais agitadas (com Beach Clubs), tem ônibus até 1h.

Melhores praias: Eliá, Paradise, Super Paradise e Paraga Beach (Scorpios).

O hotel fica no meio de Mikonos Town, cidade muito animada, com várias opções de restaurantes e lugares estilo mais “balada”. Tem muita opção mesmo. Gostamos de um restaurante chamado Avra. Na média, os pratos nos restaurantes variam de 15 a 25 euros.

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Foto por Fancycrave.com em Pexels.com

A cidade é literalmente um labirinto, é impossível não se perder (dica: se perca!). Então é importante marcar um ponto de referência para sempre perguntar por ele e saber voltar para o caminho que se quer.

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Foto por David Mackey em Pexels.com

Sugiro visitar Little Venice e o Kastro’s Restaurant, que tem uma varanda muito legal pra fotos.

Santorini

Também fomos para Santorini de barco pela SeaJets. Ao contrário de Mikonos, quando se chega ao porto há várias opções de empresas que oferecem traslado.

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Foto por Pixabay em Pexels.com

Ficamos no hotel Lilium Villas, na cidade de Fira. Quando estava pesquisando sobre Santorini, fiquei muito em dúvida entre ficar em Fira ou Oia (fala-se Ia), outra cidade principal da ilha. Decidi ficar em Fira por ser a capital, mas acabei achando a cidade de Oia mais charmosa (não pode deixar de conhecer). Não cheguei a me arrepender da escolha, afinal o hotel tem ótima estrutura, uma vista de tirar o chapéu e Fira é bem legal também e mais bem localizada (mais centralizada na ilha).

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Foto por jimmy teoh em Pexels.com

Em Santorini, o transporte público é inexistente, então é recomendável alugar um carro ou um ATV (quadriciclo). Acabei pegando um ATV pela emoção e é literalmente isso que se sente quando vai para as estradas sinuosas e com ribanceiras altas da ilha. Achei as estradas muito pouco sinalizadas (tive que parar algumas vezes para pedir informação), mas como Santorini é pequena, a chance de se perder é mínima.

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Foto por Gotta Be Worth It em Pexels.com

As vistas da ilha são muito bonitas, com paisagens de cinema. A água é limpíssima, mas as margens não são de areia, são de pedras escuras (afinal, a ilha é vulcânica). As estruturas de apoio das praias são honestas (dá para beber e comer tranquilamente), mas não chega nem perto das amenidades de Mikonos. Conhecemos as praias Perissa e Kamari (as que mais gostei pela pesquisa).

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Foto por Nextvoyage em Pexels.com

Também fizemos um passeio de barco que sai às 15h e volta às 20h (com direito a jantar e pôr do sol) e vai parando para mergulho e em alguns lugares turísticos da ilha (Red Beach, White Beach, Farol, casa do Ermitão etc.). Valeu muito a pena. A empresa se chama Spiridakos.

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Foto por jimmy teoh em Pexels.com

Por fim, para quem gosta de vinho, vale reservar uma tarde para conhecer uma vinícola. Existem várias na ilha. Como essa não era a prioridade do nosso roteiro, passei bem rápido na Santo Wines só para conhecer. Não fiz a visita guiada, nem degustação. A funcionária do hotel disse que essa é boa, mas é muito comercial (turística). Segundo ela, há outras vinícolas menores que valem mais a pena visitar (aí tem que pegar essas dicas com os locais!).

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Foto por Julia Sakelli em Pexels.com

Cidade do México: dois hotéis e um motorista para chamar de seu

 

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Eliane Moreira

Nos sete dias que passamos na Cidade do México, nos hospedamos em dois hotéis, ambos na região central, próximos ao Zócalo. Embora a população da capital mexicana ultrapasse 20 milhões de habitantes e o país tenha um histórico de violência por causa das guerras entre os narcotraficantes, a área central, assim como toda a cidade, é bem policiada e segura. Por isso, fica a dica de dois bons hotéis:

Hotel Histórico Central

Localizado a poucas quadras do Zócalo, o Hotel Histórico Central tem ambientes requintados e quartos limpos e confortáveis, a preços inferiores aos de sua categoria. Oferece café da manhã completo, com boa variedade de pães, frutas e acompanhamentos, além de pratos típicos da culinária mexicana.

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No saguão, garrafinhas de água mineral e maçãs são permanentemente disponibilizadas aos hóspedes, de graça. Há uma cafeteria na recepção, com poucas opções para um lanche no final do dia, o que não chega a ser um problema dado o grande número de restaurantes e lanchonetes no entorno.

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O Histórico Central ainda viabiliza passeios com motoristas particulares com ótimos carros a preços fixos e condizentes com os valores cobrados em média.

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Hotel Fiesta Inn Centro Histórico

O hotel ocupa alguns andares de um prédio comercial, em frente ao Parque Alameda e muito próximo ao Palácio Bellas Artes. No térreo, funcionam algumas lojas e lanchonetes como McDonalds, Subway e Starbucks.

Apesar dessa movimentação, os quartos são silenciosos e o acesso aos andares dos apartamentos só é permitido aos hóspedes do hotel. Quartos confortáveis e grandes, o café da manhã é cobrado a parte.

De forma geral, o Fiesta Inn não é tão aconchegante quanto o Histórico Central, mas oferece um bom custo-benefício.

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Museu Frida Kahlo e Museu Leon Trotsky

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Eliane Moreira (texto) e Renato Alves (fotos)

Quem passeia pelas ruas residenciais do pitoresco bairro de Coyoacán, na Cidade do México, não desconfia que no passado o bairro serviu de endereço para dois ilustres moradores: a pintora mexicana Frida Khalo e o revolucionário russo Leon Trótski.

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Dona de uma biografia marcante, Frida quebrou tabus por suas ideias e comportamento, e, apesar de ter vivido em um país considerado machista, despontou como ícone feminista mundo a fora. Hoje seu rosto está em todo tipo de souvenir, em bolsas, roupas e até em editoriais de moda.

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Teotihuacan, a Cidade dos Deuses

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Eliane Moreira (texto) e Renato Alves (fotos)

A 40 km da Cidade do México, encontra-se um dos sítios arqueológicos mais visitados no país. Teotihuacan, a Cidade dos Deuses, encanta os turistas pelas imponentes pirâmides do Sol e da Lua.

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Muitos são os mistérios sobre as origens de Teotihuacan. Patrimônio Mundial desde 1987, ao contrário do que muitos pensam, não foram os astecas que ergueram Teotihuacan, mas uma comunidade de povos de várias etnias.

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Fato é que uma visita a Teotihuacan descortina uma incrível volta ao passado e à uma cultura politeísta, que cultuava elementos da natureza e animais como divindades e, ao mesmo tempo, construiu uma cidade de moderno plano urbanístico.

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Além das gigantescas pirâmides, Teotihuacan era cortada por uma avenida de 3 km, a Avenida dos Mortos, e várias construções que revelam uma sociedade organizada e estratificada.

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Cidade do México, comece pelo Zócalo

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Eliane Moreira (texto) e Renato Alves (fotos)

Quem nunca voltou de uma viagem com a sensação de que muitos pontos turísticos ficaram de fora do roteiro porque não deu tempo de visitar tudo? Essa sensação pode ser muito, muito intensa quando se visita a Cidade do México.

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Com um país construído por civilizações maias e astecas, famosos revolucionários como Pancho Villa e Zapata, personagens que viraram ícones mundiais como a pintora Frida Khalo, além de uma culinária peculiar e apreciadíssima, atrações para todos os gostos é o que não falta à capital mexicana.

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Um tour pelas obras art déco de Goiânia

 

 

Fachada do Teatro Goiânia

Assim como Brasília, Goiânia é uma cidade planejada e símbolo de modernidade. Mas a capital goiana surgiu três décadas antes da nova capital do Brasil. E, para deixar uma marca, os construtores da cidade distante 210km do Distrito Federal escolherem o art déco para definir a fisionomia dos primeiros prédios daquela que viria a ser a primeira metrópole do Centro-Oeste, hoje com quase 1,5 milhão de habitantes.

Teatro GoiâniaNo entanto, essa riqueza é desconhecida da maioria dos brasileiros, inclusive dos goianienses. Para resgatá-la, o artista plástico e guia turístico Gutto Lemes criou um roteiro dos principais prédios e monumentos com traços do estilo da época da inauguração de Goiânia. Ele acompanha grupos, com direito a aula de história e arquitetura dos anos 1930. O passeio pode ser feito de carro, van, ônibus, bicicleta e até a pé.

Lemes ressalta que, do ponto de vista arquitetônico, Goiânia foi a primeira cidade moderna do Brasil. “A cidade tem uma importância muito grande para o estilo art déco, maior até que Miami, já que a cidade dos Estados Unidos não foi construída, como aqui, durante o período do art déco”, garante. Ele não está exagerando, apesar de Miami ter o maior acervo art déco do mundo, que é um roteiro turístico, atraindo visitantes o ano todo.

Nascido das artes decorativas, o art déco ficou conhecido em 1925, na feira mundial realizada em Paris, a Arts Décoratifs et Industriels. Na década de 1930, o estilo começou a ganhar um aspecto mais suave aproximando-se da morfologia modernista. Para o déco, o que se desejava de efeito visual não necessariamente haveria de almejar o emprego de racionalidade, o que justificava o emprego de ordens ornamentais e até a limpeza visual, a exemplo dos edifícios do Roquefeller Center, nos EUA, onde o déco fez grande sucesso.

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Portanto, não havia melhor estilo para os construtores de Goiânia escolherem para definir a fisionomia dos primeiros prédios da cidade planejada para substituir Goiás, ou Goiás Velho, a primeira capital do estado. Afinal, o art déco representava o que de mais moderno havia na arquitetura da época. A capital goiana ainda abriga uma importante herança art déco em suas ruas, avenidas, praças e até parques. É o mais representativo acervo art déco do Brasil.

Palacio das EsmeraldasTombamento

Goiânia tem 22 edificações em art decó tombados pelo Instituto Nacional do Patrimônio Artístico Nacional (Iphan). A Praça Cívica, onde fica a administração do estado, concentra a maioria dos prédios art decó da cidade. São 11, incluindo o Palácio das Esmeraldas (foto ao lado), sede do governo estadual. Perto dali, ficam o Lyceu de Goiânia e a Estação Ferroviária. Ambos, porém, alvos constantes de vandalismo, por causa do abandono, apesar do tombamento.

Gutto Lemes dedica-se à divulgação desse patrimônio desde 2004, quando montou a sua primeira exposição de desenhos dos prédios ícones dessa arte na cidade — obras de sua autoria. “Eu já pintava e desenhava, mas decidi estudar turismo. Ao fim do curso, uni tudo, criando o city tour”, conta ele, que realiza os passeios guiados há cerca de um ano. Ele dura, em média, três horas e meia, com parada em três museus no estilo art decó.

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Para conscientizar o goianiense da importância de se preservar o conjunto urbano da cidade, Lemes, que nasceu em Morrinhos (GO) mas mudou-se para a capital do estado com um ano, ainda ajudou a criar a Sociedade Art Déco de Goiânia. Ela é formada por um grupo de arquitetos, artistas, empresários e pessoas ligadas ao turismo. A iniciativa mais recente do grupo foi a participação, em 2016, no III Concurso de Fotografia AdbA — sigla de uma associação argentina que promove a arquitetura Art Déco no país vizinho. 

Programe-se

City tour em Goiânia

O passeio guiado pode ser feito de carro, van, ônibus, de bicicleta e até a pé. O modelo de transporte e o preço depende do tamanho e do interesse do grupo. Ele tem que ser agendado direto com o guia e artista plástico Gutto Lemes:  (62) 99943 3338 / 62 99823 1164 / guttolemes@hotmail.com

O QUE VER

Confira as principais construções art déco de Goiânia e seus endereços:

Na Avenida Goiás: Grande Hotel e Torre do Relógio

Na Praça Cívica: Coreto, Agência de Cultura, Delegacia de Administração, Museu Zoroastro Artiaga, Palácio das Esmeraldas, Procuradoria-Geral do Estado e Tribunal Regional Eleitoral

No restante do Centro: Estação Ferroviária, Praça do Trabalhador; Fórum e Tribunal de Justiça; Instituto Federal de Goiás (antigo Cefet), Rua 66; Lyceu de Goiânia, Rua 21; Museu Casa Pedro Ludovico, Rua 26; Teatro Goiânia, Avenida Tocantins

No bairro Campinas e Setor Oeste: Subprefeitura, Praça Joaquim Lúcio; Palace Hotel, Avenida 24 de outubro; Trampolim e mureta do Lago das Rosas

MEMÓRIA

Homenagem à Revolução de 30

Goiânia foi planejada e construída para ser a capital de Goiás, por iniciativa do político goiano Pedro Ludovico Teixeira, em consonância com a Marcha para o Oeste – estratégia desenvolvida no fim dos anos 1930, pelo governo de Getúlio Vargas, para acelerar o desenvolvimento e incentivar a ocupação do Centro-Oeste.

Em 24 de outubro de 1933, em local escolhido por Corrêa Lima, — um planalto onde atualmente se encontra o Palácio das Esmeraldas, na Praça Cívica —, Pedro Ludovico lançou a pedra fundamental de Goiânia. A data homenageava os três anos do início da Revolução de 1930.

O município começou a ter suas atividades executadas em novembro de 1935. No mês seguinte, Ludovico enviou o decreto que estabeleceu a transferência da Casa Militar, da Secretaria Geral e da Secretaria do Governo da cidade de Goiás para Goiânia. Nos meses posteriores, outras secretarias foram transferidas e essas ações reafirmavam ainda mais a mudança da capital.

Em 23 de março de 1937, o decreto de número 1.816 oficializava definitivamente a transferência da capital da cidade de Goiás para Goiânia. Mas o evento oficial que sacramentou a transferência da capital aconteceu só em 5 de julho de 1942, no Cine-Teatro Goiânia, um dos mais importantes patrimônios arquitetônicos da construção da nova capital.

Como é uma visita ao Palácio Itamaraty

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Entrada lateral do Palácio Itamaraty – Foto de Renato Alves

O Palácio Itamaraty encanta quem passa pela Esplanada dos Ministérios. Projetado por Oscar Niemeyer e com paisagismo de Burle Marx, o edifício também impressiona por dentro. O seu interior conserva centenas obras de arte e mostra a complexidade e a leveza daquela que é considerada uma das maiores maravilhas da arquitetura moderna.

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Painel de Athos Bulcão em corredor do Palácio Itamaraty – Foto de Renato Alves

O acesso ao rico acervo do Ministério das Relações Exteriores (MRE) não está restrito aos diplomatas brasileiros e estrangeiros. No dia seguinte à cerimônia oficial de inauguração do Itamaraty, em 14 de março de 1967, o prédio foi aberto ao público, tradição que permanece inalterada nesses 50 anos.

Especializados em história, arte e arquitetura, servidores muito bem treinados do MRE comandam visitas todos os dias da semana. O turista estrangeiro pode agendar uma visita guiada em inglês, francês e espanhol, muitas vezes para o mesmo dia. Tudo de graça.

Informalidade

A entrada é pela lateral do prédio, passando pelos jardins e entre o Itamaraty e o Ministério da Saúde. Ao entrar no palácio, funcionários dão as boas-vindas e informam o horário do próximo tour. O visitante é convidado a assinar um livro de presença e dispensado de qualquer revista. Apesar da pomposidade do prédio, pode-se entrar inclusive de sandálias, saia e bermuda no fim de semana. Itens vetados durante a semana.

Após a espera sentada em uma das confortáveis cadeiras com almofadas de couro, desenhadas especialmente para a decoração do palácio, o guia se apresenta ao grupo. A visita começa no térreo, no maior vão da América Latina. Com 2,8 mil metros quadrados, além de não ter uma coluna, ele só possui paredes nas laterais. Esse também é um dos espaços dedicados às fotos dos visitantes. Além do vão, só em outra área aberta à visita é permitido fazer imagens no interior do palácio.

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As paredes são cobertas por alguns dos tantos paineis de Athos Bulcão espalhados pelo palácio e por outros prédios de Brasília. Todo o piso também é assinado pelo autor dos azulejos que revestem diversos monumentos da capital. Marca das suas obras, as pedras por onde andam os visitantes têm tamanhos diferentes e foram instalados de forma descontinuada.

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A famosa escada do Palácio Itamaraty – Foto de Renato Alves

A frente do vão é cercada pelos vidros que se vê da rua. Ao fundo, fica um jardim aquático de Burle Marx, com plantas da Amazônia, que ameniza o calor e a seca. No centro do salão se encontra a famosa escada e obras de diversos artistas. Uma delas, a escultura Ponto de Encontro, de Mary Vieira, é interativa. Qualquer um pode alterar a posição das pesadas chapas de ferro da obra.

Mesa dos tratados

Subindo a escada helicoidal sem corrimões, os visitantes chegam ao segundo piso. Nele são realizadas entregas de medalhas e da Condecoração da Ordem do Rio Branco. Após essa explicação, o turista é convidado a observar a obra Metamorfose, de Franz Weissmann. Formada por placas de ferro cortadas, a escultura dá a sensação de movimento conforme o espectador anda.

Um painel em madeira de Athos Bulcão divide o espaço com a sala dos tratados. Os detalhes coloridos (preto, vermelho e amarelo) da Treliça representam os povos que formaram o brasileiro: o negro, o indígena e o europeu. Atrás dela fica a mesa onde são firmados os acordos e tratados internacionais. Nela, a Princesa Isabel assinou a abolição da escravatura no Brasil, em 13 de maio de 1888.

Niemeyer projetou essa sala para ficar de frente para o Ministério da Justiça (Palácio da Justiça), com vista geral graças à parede de vidro do Itamaraty. A ideia é que a Justiça brasileira testemunhe todos os tratados firmados pelo Brasil com outros países. Nesse andar ficam também o gabinete do ministro e do secretário-geral (inacessíveis aos visitantes).

Coquetéis e jantares

O tour segue por outra escada. Ela leva ao terceiro andar,destinado às recepções das comitivas internacionais, que podem ir de um simples coquetel a um completo jantar. Mas há muito mais do que mesas e cadeiras. Os salões desse pavimento são tomados por obras de arte brasileiras e alguns presentes oferecidos por outros países ao Brasil.

No primeiro dele, a Sala Dom Pedro I, estão expostas uma peça de óleo sobre tela retratando a coroação do mesmo, uma miniatura do Grito do Ipiranga, de Pedro Américo, a Pomba da Paz, de João Alves Pedrosa, e um dos maiores tapetes persas do mundo (70m²), oferecido pela Rainha Elizabeth II da Inglaterra.

Ao lado, fica a Sala Portiniari, a maior de coquetel do Itamaraty, onde duas obras representam o Sul e o Nordeste do Brasil: Os Gaúchos e Os Jangadeiros. Há ainda dois anjos talhados em madeira do estilo barroco. Feitos em 1.737, eles pertenciam à Igreja de São Pedro dos Clérigos, demolida para a abertura da avenida Presidente Vargas, no Rio de Janeiro

A sala seguinte, batizada de Duas épocas, mescla móveis do século 18, como o jogo de cadeiras da Princesa Isabel e cômodas do Barão de Rio Branco, com obras de arte contemporâneas, como A Mulher e sua Sombra, de Maria Martins.

Contemplação

Depois, o visitante tem um momento para descanso, contemplação e mais fotos. O guia faz uma parada de até 10 minutos, no terraço, onde ficam diversas esculturas e um jardim suspenso de Burle Marx. Dali também tem uma vista espetacular da Esplanada dos Ministérios.

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Jardim suspenso de Burle Marx no Palácio Itamaraty – Foto de Renato Alves

Em seguida, o grupo é reunido e levado à Sala Brasília, a maior do andar, destinada às recepções mais numerosas. Ela comporta 234 pessoas sentadas para refeições servidas com uma obra de Burle Marx em tapeçaria ao fundo e um biombo chinês da Dinastia Myng do século 14 (obra mais antiga do acervo do Palácio).

É o ponto final do tour. Mas o guia ainda permite mais uma parada para os turistas admirarem de perto o quadro de Pedro Américo que serviu de estudo para a sua obra-prima, a gigantesca tela Grito do Ipiranga, exposto no Salão Nobre do Museu Paulista, em São Paulo, e onipresente nos livros de história do Brasil.

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Corredor no Palácio Itamaraty – Foto de Renato Alves

Programe-se

As visitas ao Palácio Itamaraty ocorrem todos os dias e são gratuitas.

Durante a semana: às 9h, 10h, 11h, 14h, 15h, 16h e 17h.

Nos fins de semana e feriados: às 9h, 11h, 14h, 15h e 17h.

Agendamento

É recomendável agendar a visita, já que as vagas são limitadas. Para isso, mande um email para visita@itamaraty.gov.br ou ligue para (61) 2030-8051. Você precisará informar o nome das pessoas que vão participar do tour e um telefone para contato.

Uma pousada charmosa em Brasília

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Os brasilienses têm um lugar para descansar nos fins de semana e feriados prolongados dentro do próprio Distrito Federal. Uma pousada que não deve nada à maioria das de Pirenópolis e da Chapada dos Veadeiros, os dois destinos preferidos dos candangos.  Ao contrário, ela oferece instalações e serviços superiores do que a média das instaladas nas duas localidades e com a vantagem de estar mais próxima da capital.

Distante 55km da área central de Brasília, a Villa Triacca Eco Pousada fica às margens da BR-251 (Brasília-Unaí), com acesso em frente à cooperativa do PADDF. Apesar de estar na área rural, em meio a uma fazenda de grãos, ela segue um conceito diferente de hotel-fazenda.

A hospedaria tem um lago para pesca e oferece passeio a cavalo e em trilha, mas para por aí. O hóspede não encontra a contumaz barulheira, confusão de um hotel-fazenda, como música alta, bebedeira com churrascada, partidas de baralho.

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Os donos e os funcionários da Villa Triacca prezam pelo conforto e pela tranquilidade do cliente. Tanto que não permitem que ninguém ligue aparelho sonoro em nenhum ponto da propriedade. Também não há TVs nas áreas comuns, como na recepção, no bar ou no restaurante. Tampouco existe churrasqueira, campo de futebol ou quadra esportiva.

O som ambiente dos dois restaurantes e do bar à beira da piscina toca em um volume que permite manter a conversa em um nível normal e até a concentração na leitura de um bom livro, atividade muito apreciada por boa parte dos hóspedes, muitos casais maduros. As caixinhas de som costumam ser alimentadas por clássicos da MPB e do rock internacional. Em feriados e nos fins de semana, há apresentação de músicos, com repertório de ótimo gosto, no bar da piscina e no jantar.

Vista privilegiada

Feitas de pedra, alvenaria, vidro e muita madeira, as instalações da Villa Triacca são, ao mesmo tempo, simples, charmosas e aconchegantes. Elas foram construídas em um lugar de rara beleza, em meio à mata de cerrado virgem e muitas nascentes de água. Um oásis em uma região onde o cerrado foi dizimado para dar lugar a plantações de soja e feijão, em sua maioria.

As duas alas com 18 apartamentos, separadas por um prédio central onde ficam a recepção e o restaurante (com um enorme salão e uma varanda suspensa), ficam de frente para dois lagos. Há ainda cinco bangalôs, também de frente para um lago.

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Todas as acomodações da pousadas têm porta de blindex na sacada e paredes revestidas de pedra para dar mais conforto térmico e acústico. (Clique aqui para ver as diferenças de cada tipo de hospedagem)

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Pesca e mergulho

No maior dos lagos, pode-se praticar a pesca esportiva. O reservatório de 9 mil metros quadrados tem peixes como matrinchãs, tilápias, pacus ,tucunarés, dourados e pintados. Ainda nele, também é possível andar de pedalinho, disponível de graça aos clientes. Em forma de cisne, os pedalinhos ainda ficam à espera de um  hóspede no outro lago. Em ambos, qualquer um pode nadar e mergulhar, em meio aos peixes. As crianças são incentivadas  a alimentar os bichos com porções de rações vendidas em saquinhos.

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Mas, para quem gosta de nadar, o melhor é a área de piscinas. Ao lado de um dos lagos e de um bar, elas são aquecidas e com piso de pedra, no estilo rústico que combina com uma área rural. Uma delas, com cascata, é o xodó das crianças. A outra, de 150 m², linda, é ideal para adultos.

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Em torno de ambas, cadeiras e meses de ferro e de plástico, mas de bom gosto, confortáveis. Espreguiçadeiras ficam sob cobertura de palhoças, dando um clima de praia, alimentado pelo bar, também feito de madeira e palhoça, onde são servidos drinques diversos, além de cerveja, refrigerantes,sucos, aperitivos, salgados, sanduíches, picolés e sorvetes.

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Vizinha à piscina menor, há o parquinho infantil. Ele tem pula-pula, mini arvorismo, casinha da árvore, balanço, entre outros atrativos. Tudo sob uma enorme mangueira, que propicia a devida sombra em dia de sol forte.

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De dar água na boca

A gastronomia é outro ponto forte da Villa Triacca. Em um ambiente rústico e acolhedor, com paredes revestidas de pedras e um deck sobre o lago, onde se pode apreciar peixes e uma bela vista, o Restaurante da Villa (foto abaixo) oferece um farto café da manhã e um saboroso jantar, sempre elaborado pelo chef tunisiano Naceur Ben Rhouma. Além de bom de serviço, ele é bom de papo. Faz questão de agradar os clientes. E adora falar dos seus pratos e da sua terra.

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Os almoços são servidos no restaurante Das Águas Bistrô Rural, próximo da área das piscinas. Os hóspedes podem saborear pratos da cozinha regional goiana, mineira e sulista, preparados pelos donos, gaúchos descendentes de alguns dos primeiros moradores do PADDF e servidos em um incomum imponente fogão a lenha de aço. Os legumes e verduras são em sua maioria orgânicos. O Das Águas Bistrô Rural também atende o público externo.

Falta café!

Claro, o Villa Triacca Eco Pousada tem os seus defeitos. A maioria, por não oferecer serviços e produtos elementares em um estabelecimento que se propõe a acolher o hóspede com o máximo de paz e conforto, em uma região quase desabitada, sem centros de compras por perto.

Faltam, por exemplo, os produtos e serviços como os de uma cafeteria e os de uma chocolateria. Não são oferecidos espresso, capuccino, chocolate quente. Tampouco chocolates finos. Nem mesmo qualquer tipo de chocolate ou doce. Há só café coado e chá em sachês, à disposição dos hóspedes, de graça, na recepção. Mas eles não suprem as necessidades de quem deseja consumir um café ou um chá de qualidade, após o jantar ou em um dia chuvoso, frio.

No bar à beira da piscina e no restaurante da pousada também não há sucos naturais. Nem mesmo de laranja e limão. Um pecado para um ambiente pensado para parecer com o de uma praia e que atrai tantas famílias com crianças pequenas, gente avessa a refrigerantes, em sua maioria.

Os donos se comprometeram a reparar tais falhas ainda nesta ano, com a compra de uma moderna máquina de café espresso e a instalação de uma pequena cafeteria.

(Realizada no período do carnaval de 2017, a viagem teve todas as despesas custeadas pelos administradores do blog)

 MAIS INFORMAÇÕES

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Telefones: (61) 4103-2792 e (61) 98463-1939

COMO CHEGAR

Passando a Ponte JK, em Brasília, siga pela avenida principal do Jardim Botânico, passando pela Escola Fazendária (Esaf), até o trevo da BR-251, no sentido Unaí. Ao avistar um posto de gasolina, o Pedrão (único no percurso), continue na rodovia federal por mais 8 km e estará em frente à Pamonharia Kiosque PadBier, já na fazenda (à esquerda); á direita a Coopa-DF, a Emater-DF e o Supermercado Egon’s e uma parada de ônibus. Siga até o próximo retorno à esquerda, retorne mais alguns metros no sentido Brasília e encontrará uma entrada à direita para a fazenda (não seguir para Palmital-MG, também à direita). Após entrar na fazenda, siga mais 1 km, observando as placas de identificação, e chegará À pousada. Para fazer todo esse percurso de carro, com trânsito normal, gasta-se em torno de 45 minutos.

Confira mapa clicando aqui

 

Esqueça a ideologia e vá para Cuba

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Renato Alves (texto e fotos)

O que vai ser de Cuba após Fidel Castro? Nem os cubanos têm uma resposta pronta. Na dúvida, pegue logo um avião rumo à ilha. Antes que vire mais um reduto de ricos europeus e norte-americanos, em busca de sol, praias, bebida gelada, mulher bonita e o conforto dos modernos resorts. Nada além do que existe na costa brasileira ou em outros destinos capitalistas do Caribe.

Estive em Cuba duas vezes. A primeira, a trabalho, com o intuito de apurar um reportagem que descrevesse o modo de vida do único país comunista das Américas. A segunda, em férias, para aproveitar as maravilhas da ilha.

Conhecer a terra dos irmãos Castros a é uma experiência inesquecível, independentemente de ideologia. Eu, por exemplo, sou contra qualquer regime totalitário, mas me tornei um admirador do país. Do país dos cubanos, dos carrões, do tabaco, dos drinques, da música, da dança.

Desembarque

A chegada ao Aeroporto Internacional José Martí, em Havana, torna-se excitante assim que o passageiro deixa o avião. O terminal pequeno, as instalações simples e antigas e o rigor da fiscalização deixam claro que se trata de um país diferente do ponto de vista capitalista.

Além dos olhares desconfiados, o turista pode estranhar a morosidade do guarda fardado na cabine do controle de passaporte. O militar faz questão de olhar cada página do documento. Apesar do semblante sério dos guardas de emigração e da alfândega, a maioria dos visitantes é aceita sem transtornos.

No máximo, durante o exame do seu passaporte, o estrangeiro é convidado a tirar os óculos (se tiver) para conferência da fotografia do documento. Não há interrogatório, obrigatoriedade de tirar o calçado ou outra medida incômoda do tipo antiterrorista.

O turista é liberado após uma ou duas perguntas, como o quê pretende fazer e quanto tempo ficará no país. Um visto de entrada em Cuba, antes tratado como questão de segurança nacional, hoje custa US$ 20. Ele é vendido nas agências de turismo, com os pacotes de viagem.

Propaganda

A primeira sensação fora do aeroporto pode não ser das mais agradáveis, caso se desembarque em um dia chuvoso ou de alta umidade relativa do ar, dois fenômenos corriqueiros na ilha. O forte calor úmido impede uma fotografia em frente à fachada singular do terminal — é impossível desembaçar a lente da câmera — e faz o turista procurar imediatamente um veículo com ar-condicionado.

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O desconforto é esquecido assim que a van ou táxi deixa as dependências do José Martí. No começo da viagem entre o aeroporto e a área urbana de Havana se vê outdoors de madeira com propaganda oficial. Os primeiros de milhares instalados em todo o país.

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Um dos símbolos do regime comunista, as placas trazem principalmente mensagens de apoio à revolução e provocações ao maior inimigo, os EUA. A estrada que liga o aeroporto à capital cubana cruza fazendas, vilas e os bairros mais afastados de Havana. No traslado, os primeiros contatos com o cotidiano revolucionário e os efeitos do embargo “imperialista” norte-americano.

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Homens consertando os carrões confiscados dos antigos ricos moradores de Havana — produtores de cana-de-açúcar, comerciantes, empresários e mafiosos estadunidenses — são vistos em cada esquina. Mulheres jogando conversa fora nos muros baixos. Idosos sentados em gastas cadeiras de balanço, nas varandas e calçadas. Todos em um ritmo lento, como quem não tem pressa para ganhar dinheiro.

Havana Velha

A melhor maneira de conhecer Havana é andando, vasculhando becos, bares, feiras, museus e casarões. Para não cansar mais do que deve, organize com antecedência cada passeio. Compre um guia ou um mapa — nos hotéis há bons mapas, muitos de cortesia — e trace um roteiro a partir da quantidade dos dias em que pretende ficar na cidade.

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O ideal é ao menos dois dias para cada uma das quatro mais movimentadas regiões: Habana Vieja (Havana Velha), Centro, Vedado e Plaza. Em todas há prédios históricos, museus, bons restaurantes, bares charmosos e gente atraente.

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Como há muito a ver, fotografar e conversar, acorde cedo e tome um café reforçado. A moderna rede hoteleira de Havana oferece ótimas refeições, além de amplos e confortáveis quartos. A maioria, de redes europeias, que com o baixo custo da mão-de-obra e vantagens oferecidas pelo governo cubano conseguem manter serviços de padrões internacionais com tarifas relativamente baratas.

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Comece o tour por Habana Vieja. Com calçado confortável e roupas leves, entre pela Plaza de la Catedral. Fechada por prédios coloniais nos quatro lados, tem acesso por três ruelas. A praça é cercada pela Catedral de San Cristóbal, pelo Museo de Arte Colonial, Palacio del Conde e Palacio de los Marqueses de Arcos, além do restaurante El Patio.

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A rua, exclusiva dos pedestres, é feita de pequenos blocos de pedra. Nas calçadas, também de pedra, artistas locais produzem e exibem suas obras, como pinturas em telas e desenhos de nanquim ou guache. A paisagem serve de modelo.

Mojitos

Quase na esquina com a Catedral, fica o mais famoso bar cubano. O La Bodeguita del Medio ganhou o mundo por meio do seu mais ilustre freqüentador, o escritor norte-americano Ernest Hemingway. Ele sempre exaltou o mojito (bebida típica cubana, feita de rum, suco de limão hortelã, água e gelo) do La Bodeguita. Hemingway tem razão. Mesmo na ilha, é difícil encontrar igual.

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A atmosfera do Bodeguita também é única. Os balcões, cadeiras, mesas e paredes revestidas de madeira são os mesmos da época de Hemingway. As partes das paredes sem a madeira são cobertas de nomes e mensagens, escritas a caneta pelos visitantes.

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Os preguiçosos ventiladores não conseguem esfriar o clima festivo, que esquenta ainda mais com a entrada de um grupo musical. O cliente pode desfrutar até de música popular brasileira. Os cubanos conhecem a maioria dos nossos compositores e intérpretes. Eles admiram Chico Buarque, Gilberto Gil, Djavan, Caetano Veloso.

Caderneta, arte e sabores

Após conhecer a La Bodeguita del Medio e tomar uns drinques, se ainda tiver fôlego e pernas para caminhar, siga por qualquer uma das ruas que cortam a Plaza de la Catedral. O passeio é obrigatório para quem deseja conhecer o estilo de vida cubano e os moradores da cidade. Entre na primeira bodega que encontrar.

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Nela é distribuída a comida e outros produtos de primeira necessidade da população. Na hora de passar no caixa, os clientes não tiram cartão de crédito ou débito. Da bolsa ou do bolso saem moedas e uma caderneta, em que o funcionário anota o produto e a quantidade. Cada cubano tem uma cota mensal.

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Quando quer mais (e pode pagar), o cubano recorre ao mercado paralelo, onde tudo é muito caro, devido à escassez de produtos no país. Apesar de certa melhora na economia, comparando com anos 1990, ainda falta de tudo, do sabonete à camisa. É comum ver meninos brincando de sapatos furados ou vestidos em roupas bem mais curtas — eles usam até esfarelar.

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Não é lenda nem preconceito. Os cubanos param sim os turistas para pedir itens de higiene pessoal. Como custam caro à população, xampu, sabonetes e similares são considerados artigos de luxo. Carregue os kits de banho dos hotéis para agradá-los e ajudá-los. Os pais, sem vergonha alguma, costumam pedir caneta e borracha para os filhos estudantes.

Em Cuba, porém, ninguém fica sem escola, morre de fome ou ao relento. Nem vive debaixo de ponte ou em favela.

Ver, ler, descansar

Partindo da Plaza de la Catedral, após 10 minutos de caminhada ininterrupta, chega-se à Plaza Vieja. Prédios da tradicional arquitetura espanhola emolduram a praça, calçada de pedras centenárias. A sombra dos restaurantes, seus drinques deliciosos e a ótima música cubana, são um alívio em dias de sol quente. Ainda há oficinas de arte que valem a pena ser visitadas.

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Entre na Calle Obispo (Rua do Bispo), em direção a Plaza de Armas. Ande devagar. Aproveite a sombra e aprecie os sobrados coloniais ao longo da rua apertada e aprazível. Assim que avistar um vendedor ambulante de cartão-postal ou de artesanato, pare e puxe conversa.

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Eles sempre têm tempo para contar boas histórias. O cubano adora fazer amizades. Principalmente com brasileiro. Não deixe de fazer uma foto ao lado de um dessas figuras caricatas. Elas também gostam de serem fotografados.

A Plaza de Armas é toda arborizada. Também com trânsito restrito aos pedestres, é um convite ao descanso. Os bancos de concreto são disputados por cubanos — abertos a uma prosa — e turistas.

A praça abriga uma feira permanente de livros novos e usados (a maioria). Algumas obras dos melhores autores cubanos podem ser compradas por uma pechincha. Entre os lançamentos, os melhores são os livros de fotografia, que retratam a revolução e o cotidiano.

Em torno dessa praça, também há excelentes restaurantes e prédios históricos. O mais atraente é o Palacio de los Capitanes Generales, belo exemplo do barroco cubano. Construído entre 1776 e 1792, abrigou a Assembléia Legislativa, serviu de residência do governador da província de Havana e cadeia. Em 1967, tornou-se o Museo de la Cidade, mas a estrutura da suntuosa casa oficial permanece intacta.

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Paladares

Além de restaurantes tradicionais e requintados, em Havana Velha também há ótimos paladares. São restaurantes de comida caseira, administrados por cubanos comuns, que ganharam autorização do governo para ter o próprio negócio.

Mas eles precisam seguir algumas regras, como atender no máximo a 12 pessoas ao mesmo tempo. O restaurante só pode funcionar na casa do dono da licença. O microempresário não pode contratar ninguém. O cozinheiro e garçons têm que ser da família.

Com isso, almoçar em um paladar é uma das melhores oportunidades de se conhecer uma casa cubana e seus moradores. Além de tudo, é a maneira mais econômica de se comer em Havana.

Os paladares têm poucas opções no cardápio — por causa da falta de capital do dono e da escassez de produtos —, mas todas são muito bem preparadas e saudáveis. A mais comum é a carne de porco, acompanhada de salada e de arroz e feijão preto (misturados, tipo baião de dois, sem queijo). O prato sai, em média, por R$ 15.

O nome paladar é fruto do sucesso da novela Vale Tudo (Rede Globo, 1988 a 1989). Também em Cuba, a trama bateu recordes de audiência. A protagonista Raquel (Regina Duarte), que, após perder tudo ao ser roubada pela filha Maria de Fátima (Glória Pires), se reergueu ao abrir um restaurante, o Paladar.

Revolução, ballet e charutos

Após Havana Velha, o melhor destino na capital cubana é o Centro. Inicie o passeio pelo Capitólio. Isso mesmo, Cuba tem seu Capitólio. É uma imitação do prédio homônimo de Washington (EUA), mas ainda mais alto.

Inaugurado em 1929 pelo ditador Geraldo Machado, aliado dos norte-americanos, foi sede do governo cubano até 1959. Hoje, abriga alguns ministérios e exposições de artes. Por quase R$ 16, pode-se visitar quase todo o prédio, como a antiga Câmara dos Deputados, o extinto Senado Federal e a deslumbrante biblioteca.

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Imponente por fora, o Capitólio é um símbolo de Havana. O seu domo, com 92m de altura, era o ponto mais alto da cidade até 1950. Ainda hoje, ele pode ser visto de quase toda capital cubana. Por dentro, o mais impressionante é o hall.

A cópia de um diamante de 25 quilates está embutida no piso embaixo do domo. O original pertenceu ao último czar da Rússia e foi vendido a Cuba por um joalheiro turco. Acabou roubado e mais tarde misteriosamente devolvido ao então presidente Machado.

De frente à obra está outra preciosidade, a Estátua da República. Fundida em Roma (Itália) e coberta com folhas de ouro de 22 quilates, a obra tem 17m de altura e pesa 49 toneladas.

Do lado de fora, na escadaria, há outra raridade cubana, bem menos valiosa mas tão deslumbrante quanto o diamante e a estátua. São os fotógrafos lambe-lambe. Em plena era digital, eles ainda fazem retratos em preto e branco, em equipamentos manuais, com revelação manual.

São homens acima de 60 anos, de muita paciência, experiência e habilidade. Vale a pena sentar na escadaria do Capitólio e pagar poucos mais de R$ 6 por uma cópia de 5cm X 7cm. Depois da pose, acompanhe de perto a magia da fotografia.

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Veja a confecção da cópia, em menos de 20 minutos, no meio da calçada, feita em uma máquina velhaencoberta por madeirite, pano e escorada em um tripé fino.

Charutos

Em volta do Capitólio, não faltam prédios, ruas e praças interessantes. Atrás do edifício fica a Real Fábrica de Tabacos Partagás. O prédio é sede da maior fábrica de charutos cubanos e um modelo da arquitetura industrial do século 19. Os operários trabalham ouvindo trechos de leituras com músicas e notícias saídas de um alto-falante. A rotina pode ser acompanhada pelos turistas por pouco mais de R$ 20.

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Anexa à fábrica está La Casa del Habano , uma confortável loja de charutos, com uma sala nos fundos para provar os tabacos mais famosos de Cuba, como Romeo y Julieta, Montecristo e Cohiba.

Perto da Partagás fica o Bairro Chinês. Do seu apogeu, no início do século 20, restaram o portal e poucas lojas e restaurantes com especialidades asiáticas, concentradas na área chamada Chuchillo de Zanja. O bairro também abriga a Igreja da Caridade, dedicada à santa padroeira de Cuba, a Virgem do Cobre.

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Grande Teatro

Ainda no entorno do Capitólio, de grande valor arquitetônico, histórico e cultural, estão o Grande Teatro de Havana e os hotéis Inglaterra e Plaza. Os dois últimos são do século 19.

O Grande Teatro é uma das maiores casas de ópera do mundo. Foi inaugurado em 1915 com a apresentação de Aída, de Verdi. A impressionante fachada tem quatro grupos de esculturas do artista italiano Giuseppe Moretti, que representam a caridade, a educação, a música e o teatro.

Além de óperas e peças de teatro, o Grande Teatro tornou-se o palco principal da bailarina cubana Alicia Alonso. Ela fundou o Ballet Nacional de Cuba, companhia de dança e escola conhecida por organizar um famoso festival anual de balé.

Algumas das discípulas de Alonso servem de guias turísticas em visitas guiadas pelos salões do Grande Teatro, por menos de R$ 6.

Do segundo pavimento do prédio, se vê dois parques que valem a pena ser visitados: o Fraternidade e o Central. Ambos com árvores frondosas e muita sombra. Próximo ao segundo está o Passeio do Prado, construído em 1772.

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A avenida preferida pelo povo de Havana para passear, é ladeada por belos edifícios. O canteiro central, exclusivo para pedestres, tem oito leões de bronze e bancos de mármore, além de elegantes luminárias de ferro.

Revolução

A três quadras do Passeio do Prado está o Museu da Revolução, instalado no antigo palácio presidencial do ditador direitista Fulgencio Batista, tirado do poder pelos guerrilheiros.

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O prédio, inaugurado em 1920, serviu de residência a outros 21 presidentes. Ele foi decorado pela Tiffany de Nova York. Algumas obras de arte e móveis foram mantidos. Mas o mais importante são os documentos, fotografias e objetos que representam a luta do povo cubano pela independência. Ideologias a parte, a visita é obrigatória para quem se interessa pela história do país.

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Nos fundos do museu fica o Memorial Granma, com destaque para o iate que dá nome ao pavilhão de vidro. O barco trouxe Fidel Castro e alguns de seus companheiros do México para Cuba, em 1956, para iniciar a luta armada contra Batista.

Há ainda veículos e aviões relacionados ao episódio da Baía dos Porcos (1961) — invasão fracassada de mercenários financiada pelos Estados Unidos — e mísseis soviéticos do período da Guerra Fria, além de relíquias da atividade cubana na Etiópia e em Angola. O ingresso para visita ao museu e ao memorial custa pouco mais de R$ 10. Justifica-se cada centavo.

Malecón

Após o Centro e Havana Velha, Vedado e Plaza são outras duas regiões imperdíveis para quem deseja conhecer a história de Havana e de Cuba. Diferente das duas anteriores, Vedado e Plaza são áreas mais novas — para os padrões cubanos —, mas não menos charmosas e instigantes. O ponto de partida ideal é o Malecón, a avenida beira-mar da capital.

Comece o passeio pela quadra do Hotel Nacional, joia da arquitetura Art Decó, inaugurada em 1930 e principal abrigo de estrelas hollywoodianas, presidentes ocidentais e mafiosos, no período pré-revolução. Mesmo sem o cassino — a jogatina é proibida desde a ascensão de Fidel Castro ao poder — , o Hotel Nacional não perdeu o charme. Ainda é o mais badalado de Cuba.

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Siga pela Rua 23 (Calle 23), no trecho conhecido como La Rampa. Durante a semana, é uma via bem agitada, devido aos inúmeros escritórios, restaurantes e bares com gastos letreiros de néon — a maioria, apagada. Na La Rampa fica a sede do Ministério do Açúcar com sua fachada revolucionária, o Pabellón Cuba — espaço para exposições de artes — e uma pequena feira de artesanato.

Após menos de 10 minutos de caminhada, chega-se ao cruzamento com a Rua L e a uma agradável e disputada praça. Em dia de calor forte, sempre há uma fila enorme de pessoas sob as árvores. São cubanos à espera da entrada na concorrida sorveteria Coppelia, instalada em um prédio de vidro e metal, no meio da praça.

Inaugurada em 1966, a Coppelia ficou famosa no mundo inteiro devido ao filme Morango e Chocolate (1993), de Tomás Gutiérrez Alea. Na verdade, há duas Coppelias. A outra também fica na praça, é bem menor e só atende turistas, que não precisam enfrentar filas. Mas os sabores de ambas são os mesmos: deliciosos. Duas bolas com um biscoito waffle saem por menos de R$ 5.

Quartel-general

Do outro lado da Rua 23 está o também charmoso hotel Habana Libre, com sua impressionante fachada, uma obra de arte feita de ladrilhos da renomada cubana Amelia Peláez. Aberto em 1958, acabou confiscado um ano depois para servir de quartel-general de Fidel durante a tomada de Havana. Várias fotos exibidas nas paredes do hall do prédio ilustram esse momento histórico.

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Do Habana Libre, vá em direção à Praça da Revolução, que fica a umas 10 quadras. Faça o trajeto pela Avenida dos Presidentes e a Calle Paseo. O caminho pelas largas e arborizadas vias é cercado de luxuosos edifícios dos séculos 19 e 20 em estilo francês. Em alguns dos prédios funcionam museus, escritórios do governo e ministérios.

O ponto alto é a Praça da Revolução. Não há qualquer sombra ou verde no meio ou entorno dela. Nem bancos ou chafarizes. Sem uma arquitetura ou projeto de destaque, a importância dela é histórica e política. Desde a vitória de Fidel, a praça se tornou palco das maiores e decisivas manifestações populares. Ali costumam se encontrar mais de 1 milhão de cubanos a cada discurso dos seus líderes.

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Entre os monumentos da Praça da Revolução, o mais imponente é o Memorial José Martí, que começou a ser construído em 1953, no centésimo aniversário de nascimento do herói nacional de Cuba. Concluído em 1959, é uma torre de 109m de altura representando uma estrela de cinco pontas, feita com mármore cinza da Isla de la Juventud (ilha da região oeste de Cuba).

Embaixo há uma estátua de José Martí, de mármore branco. Chega-se ao ponto mais alto da torre por um elevador. É o ponto mais alto de Havana. De lá se vê toda a cidade. Menor, mas tão atraente quanto o memorial, o Ministério da do Interior se destaca por causa da fachada. Na verdade, em função do que há sobre ela: uma imensa escultura de bronze de Che Guevara.

A escultura é uma cópia da célebre imagem eternizada pelo fotojornalista Alberto Korda. Sob o busto está a frase Hasta la Victoria siempre (Sempre em busca da vitória). Che tinha um escritório no Ministério do Interior, que comandou por um curto período, após o triunfo da revolução cubana.

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Se ainda tiver ânimo, termine o dia com uma caminhada pelo Malecón, curtindo o pôr-do-sol e ritmos cubanos, tocados por músicos sempre dispostos a agradar o turista em troca de alguns dólares. Eles fazem por merecer o agrado.

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Os 10 melhores cafés de Pirenópolis

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Esqueça o empadão goiano, o arroz com pequi, a gueiroba, os sorvetes de frutos do cerrado. Foi-se o tempo em que as cozinhas de Pirenópolis (GO) limitavam-se à típica culinária goiana. Nada contra, até porque sou um dos fãs das iguarias daquelas bandas. Mas, como tenho o café como um dos meus vícios, fico feliz em constatar que as cafeterias estão brotando na cidade famosa pelo casario colonial e pelas dezenas de cachoeiras.

A proliferação de cafeterias levou um grupo de jovens produtores culturais locais a levantar as melhores lojas. O trabalho resultou em uma mapa no formato cartão-postal. Na frente uma bela foto de uma jovem em café. No verso, o mapa das lojas com uma lista dos nomes e dos endereços.

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Interior do Café Pitoresco, em Pirenópolis. Foto: Renato Alves

São nove as cafeterias listadas. Seis ficam no Centro Histórico. Dessas, conheço três que merecem uma parada para uma longa prosa e um lanche.

Localizado na Rua Rui Barbosa, onde concentram-se as lojas voltadas aos turistas, o Pitoresco Arte e Café, como o nome sugere, é um mix de cafeteria com galeria de arte. Todas as obras de arte e quinquilharias expostos nos três cômodos públicos do casarão estão a venda. Há ainda a área externa, de onde se vê o movimento na rua e parte do casario da cidade.

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No Pitoresco, além do tradicional café espresso, tem comidinhas sempre frescas. Tudo feito na hora, como os biscoitos e bolos feitos na casa da avó. A casa serve de queijo quente a saladas. Também tem cerveja gelada: Heineken, Stella Artois, Bohemia. E, vale destacar, a simpatia da dona e dos funcionários, além de agradável set list no som ambiente.

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Interior do Café Pitoresco, em Pirenópolis. Foto: Renato Alves

SAM_0150.JPGKnow-how

Mas a cafeteria com mais cara, ambiente, know-how de Pirenópolis é a Pé di Café. No meio da Rua Aurora (a mais charmosa da cidade), a casa tem um ambiente agradável, com uma decoração de bom gosto e assentos aconchegantes.

O café 100% arábica é extraído por baristas treinados. O menu inclui dos espressos convencionais a opções quentes e geladas, com frapês e um exclusivo frozen com licor de baru. Há ainda capuccinos especiais, chocolate quente europeu, escondidinho de sorvete e uma carta de chás artesanais de ervas naturais, com massalas exclusivas, chás ingleses e chai indiano.

Além de um menu diversificado de cafés e chás artesanais, o cardápio tem uma variedade de quitandas, sanduíches leves, waffles, omeletes, tapiocas, saladas de frutas, sucos e um destaque especial para os memoráveis bolinhos de chuva.

Na Pé di Café pode-se ainda saborear doces, como brigadeiro de colher (de pau!) em xícara esmaltada, além de bebidas alcoólicas leves, como cervejas artesanais, sodas italianas, vinhos e licores.

Para melhorar, recentemente, os donos resolveram um problemão: instalaram o um sistema de ar-condicionado que deixam o clima agradável sem que a casa precise fechar as duas grandes portas de madeira com vista para a rua histórica. Um diferencial e tanto, já que loja climatizada, apesar do calorão característico, é uma raridade em Pirenópolis.

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Brigadeiro de colher, Pé di Café, Pirenópolis. Foto: Renato Alves

Lanchinhos

Inexplicavelmente, porém, o mais conhecido e badalado dos cafés pirenopolinos está de fora do mapa recém-lançado. Trata-se do Café Pireneus, rebatizado de Pireneus Café & Forneria, devido à diversidade de comidinhas. É um daqueles cafés para você sentar, ler um livro (há diversos livros de fotografia à disposição dos clientes), ou jogar conversa fora com os amigos enquanto observa o movimento da praça em frente, a Praça do Coreto, onde ocorre a tradicional feirinha de artesanato nas noites de sábados.

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Além do tradicional café espresso, a casa oferece um delicioso café cremoso gelado. Entre as opções de lanche, os sanduíches são os mais apreciados pela clientela. A foccacia é o prato mais famoso. Mas o bolo de banana também faz muito sucesso. Nas noites frias, a melhor pedida é um caldo. No calor, uma cerveja importada gelada. Nos fins de semana, ainda tem música ao vivo e de qualidade, como trios de jazz ou um solo de MPB.

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ONDE FICAM

Ateliê Café: RuaLuiz G. Jaime, 42, Espaço Retrô-Ativo, Alto do Bonfim

Café Pand’oro: Rua Direita, 90, Centro Histórico

Café Sertão Veredas: Rua do Rosário, 7, Centro Histórico

Florinda Comidinhas: Rua Aurora, 18, Centro Histórico

Info Café, Av. Sizenando Jyme, 8, Centro

Lírio Café Bistrô: Rua do Bonfim, 31, Centro Histórico

Mundo Quinta Café: Rua Rui Barbosa, 31, Feira de Quintal, Centro Histórico

Pitoresco Arte e Café: Rua Aurora, 2, esquina com Rui Barbosa, Centro Histórico

Pé di Café: Rua Aurora, 21, Centro Histórico

Pireneus Café & Forneria: Rua dos Pireneus, 41, em frente à Praça do Coreto,  Centro Histórico

San Miguel de Allende: onde ficar, comer, comprar

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Centro histórico de San Miguel de Allende. Foto: Renato Alves

O México dispensa visto para brasileiros. A Latam e a Aeroméxico têm voos diretos do Brasil para o país da América Central, partindo de São Paulo e do Rio de Janeiro. Os preços variam muito, de acordo com as datas.

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Centro histórico de San Miguel de Allende. Foto: Renato Alves

San Miguel de Allende fica a 274 km da Cidade do México. Uma opção para visitar San Miguel é alugar um carro (as estradas são seguras e bem sinalizadas). Outra, ir de ônibus (os de 1a classe são bastantes confortáveis e a viagem dura de 3h e 30min a 4h e 15min). Empresas de turismo oferecem passeios bate e volta (em vans e microônibus), que podem ser comprados com um dia antecedência. Mas esta não é a melhor opção. San Miguel merece ao menos duas noites.

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Casa Mia, San Miguel de Allende. Foto: Renato Alves

ONDE FICAR

Casa Mia: situado a apenas dois quarteirões da praça principal, esse casarão possui quartos amplos, equipados com sala e cozinha, e um pitoresco pátio interno.

Coqueta Hotel Boutique: localizado em um casarão, no  centro histórico, tem um belo jardim com piscina e quartos simples, mas espaçosos.

Hotel Casa Loteria: funciona em um casarão amarelo-mostarda, com um belo pátio interno. Com com 14 quartos simples, mas novos e bem decorados.

Hotel Matilda: hotelmatilda.com

Mansion San Miguel: terraços floridos com vistas para a cidade. Quartos com móveis vintage e itens mais contemporâneos.

Rosewood Hotel: os 67 apartamentos construídos no estilo barroco têm uma charmosa sala-de-estar e teto com vigas de madeira. Algumas suítes contam com um terraço, do qual se pode desfrutar de um jardim privado ou da linda vista de San Miguel de Allende. 

IMG_5963.JPGONDE COMER E BEBER

Cumpanio: padaria francesa (baguetes, croissants e sobremesas típicas). Em um dos dois endereços, é conjugada a um restaurante com cardápio variado.

Café San Augustín: o melhor churros da cidade. Por isso as constantes e longas filas na porta.

De Temporada: fica em uma fazenda, a 10 minutos de centro. Pratos como salada apimentada de papaia e polvo e ovos de codorna na manteiga de mostarda com purê de rúcula indicam a sofisticação da cozinha. 

Hotel Rosewood: além do melhor guacamole da cidade, ele tem uma vista imperdível da cidade ao entardecer.

Martinez: mais de 20 tipos de martínis, preparados com ingredientes exóticos. Às vezes, tem DJ ou uma banda tocando ao vivo. Mesones 80; 52-415-152-4343.

Pujol: comandado por uma estrela da gastronomia internacional, Enrique Olvera. Pratos sofisticados. Hotel Matilda, Aldama 53

Via Orgânica: vertente gourmet saudável, com cereais e sucos detox. Calle Margarito Ledesma 2

La Azotea: é um bar em um terraço do El Jardin, ao lado da Paróquia. No pátio exterior, pode-se bebericar margarita. Umaran 6

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ONDE COMPRAR

Altelier: a fashionista Laura Reyesvende casacos e coletes feitos da estopa das sacas de café em sua boutique. Relox 79; aberta a partir das 11h.

Mixta: artesanato e objetos de decoração divertidos, móveis e roupas (vestidos e blusas bordados à mão por Almudena). Pila Seca 3

La Aurora: fábrica têxtil desativada, ocupada por 50 galerias. Quinquilharias a joias artesanais e obras de artistas contemporâneos consagrados como Andy Warhol.

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Mercado de Artesanías: em um beco ao longo de três quarteirões, tem opções baratas de artesanato, jóias, roupas e todos os souvenires típicos do país.

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Mercado de Artesanías, San Miguel de Allende. Foto: Renato Alves

Mercado El Nigromante: nele, pode-se observar a produção de objetos em ferro forjado e mobiliário de estilo colonial. Ainda, tem produtos frescos e lanchonetes.

Mujeres Productoras: cooperativa rural feminina de moradoras dos municípios vizinhos. Produtos feitos à mão, que são fonte de renda para as famílias.

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OUTRAS ATIVIDADES

Arqueologia

Localizada entre as serras de San Miguel de Allende, encontra-se a zona arqueológica La Cañada de la Virgem. É um assentamento pré-hispânico desenhado para observar os céus e os ciclos cósmicos. O apogeu deste importante centro cerimonial teve lugar entre os anos 600 e 900 D.C.

Golfe

Algumas opções ficam em hotéis internacionais, como o Las Ventanas de San Miguel. Ele tem um campo de golfe com 18 buracos, ideal para os mais exigentes. Outras opções são os Campo de Golf de la Hacienda Santuário e o Malanquín Golf Club. Ambos são públicos, de nove buracos, com restaurante e aluguel de equipamentos.

Montanhismo

Os picos e pinturas rupestres são dois dos locais escolhidos para a atividade, independentemente da idade ou físico. Eles fazem parte de uma cadeia de montanhas que cercam a cidade. Há trilhas simpáticas e vistas espetaculares. Oferecidas por empresas como a San Miguel Adventours, as excursões partem de San Miguel para qualquer destino.

Rapel

San Miguel é cercada por montanhas e uma floresta. A agência Aventuras Cañón del Coyote oferece passeios e descida por uma parede de 37m de altura. Também se pode ir a cavalo, caminhar, andar a pé ou em um curso de parapente para o local de pouso, você pode apreciar a flora e fauna. A região tem águias, gaviões, abutres, corvos, coelhos, gambás, tatus, coelhos, cucos, entre outros.

Spa

Nos arredores da cidade, há mananciais de águas termais e alcalinas, ricas em propriedades minerais. Alguns hotéis e clubes têm suas piscinas naturais, com infraestrutura de banheiros, vestiários e restaurantes. Entre os mais populares estão o La Gruta Spa, com uma gruta e spa de massagem, e o Escondido Place, com piscinas aberta e fechada, restaurante e lavandas enfeitando o jardim.

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Artesã em rua de San Miguel de Allende. Foto:Renato Alves

 

San Miguel de Allende, a capital gourmet do México

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Eliane Moreira (texto) e Renato Alves (fotos)

No início das manhãs de sábado, filas tomam conta das ruas e calçadas do centro histórico de San Miguel de Allende. Moradores e visitantes disputam logo cedo uma mesa nos mais badalados restaurantes e cafés. Os mexicanos, na esperança de conseguir tomar o seu tradicional e pesado café de manhã. Os turistas, ávidos por experimentar o que de melhor há na cozinha local.

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Estudantes compram guloseimas na praça central de San Miguel de Allende

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San Miguel de Allende tem se consolidado como um dos principais destinos dos apreciadores da boa mesa. A cidade abriga cafés internacionais e restaurantes de comida contemporânea. Todos em casarões belíssimos, com seus pátios aprazíveis.

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Interior da Doce-18 Concept House, em San Miguel de Allende

Nada se compara, no entanto, com o que se esconde por trás da fachada de um antigo casarão conhecido como Doce-18 Concept House. Totalmente reformado, seu interior moderninho contrasta com as construções históricas de San Miguel e com a sua própria fachada.

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Interior do Doce-18 Concept Housee, em San Miguel de Allende

Trata-se de uma imensa galeria multiuso que concentra não só excelentes opções gastronômicas, como lojas que oferecem objetos de arte, moda e desenhos. Além da tradicional comida mexicana, essa casa conceito abriga um café francês, uma hamburgueria, uma pizzaria, degustação de espumantes, uma lojinha de chás e outra das mais variadas combinações de temperos artesanais.

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Lojas de doces na Doce-18 Concept House, em San Miguel de Allende

Doçura

Vegetarianos e apreciadores de comida têm ainda mais atrativos. Muitos dos restaurantes oferecem saladas e pratos preparados com produtos orgânicos, cultivados em hortas próprias. Os chamados telhados verdes têm se tornado cada vez mais comuns na cidade. Os moradores plantam legumes e pequenas árvores frutíferas para consumo e para trocar com os conhecidos.

Já para os fãs de chocolates e outros doces há lojas como a Nuestros Dulces. Na Rua de Hernández Macías, ela oferece os mais finos doces mexicanos elaborados de forma artesanal, como jamoncillos (à base de leite e açúcar), rompope (à base de ovos), arrayán (fruta cristalizada) e tamarindos cristalizados, entre outros.

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Grupo de maricahi canta para clientes de restaurante em San Miguel de Allende

O El Tumbagón vende doces de todo Guanajuato, o estado onde fica San Miguel. Entre eles, se destacam o guayabate (de goiaba), o queijo de amêndoas, os doces de leite com coco, o rolo de goiaba, o tarugos (semelhante aos pirulitos), geleias, cocadas, natillhas (creme a base de leite, ovos, açúcar e baunilha), trompadas (à base de mel e sementes de anis) e charamuscadas (à base de açúcar, leite, coco e nozes). Claro, tem ainda a estrela local, os tumbagones (à base de farinha de trigo, ovos, canela e açúcar) com rompope.

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San Miguel de Allende respira arte

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Galeria de arte em San Miguel de Allende. Foto: Renato Alves

Eliane Moreira (texto) e Renato Alves (fotos)

A partir do El Jardín, a praça principal de San Miguel de Allende, caminhar por qualquer rua paralela ou transversal descortina um número sem fim de atrações, além das fachadas coloniais. As distâncias da compacta cidade colonial podem ser percorridas a pé. Andando pelas ruas com calçadas de pedra e ladeiras íngremes, nem mesmos os viajantes com orçamento limitado conseguem evitar as inúmeras galerias de arte.

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San Miguel tem atraído uma grande comunidade artística, composta em sua maioria por estrangeiros aposentados: artesãos, pintores e escultores. As obras dessa gente estão em galerias, museus e em escolas de arte. Qualquer ruazinha de San Miguel esconde tesouros.

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A beleza e tranquilidade do lugar servem de inspiração a todas as formas de arte. Muitos dos artistas deixam seu atelier aberto à visitação. A maioria fica no centro histórico, onde também se concentram as melhores lojas. Grande parte, instalada em algum casarão antigo. Elas exibem móveis artesanais, joias, artigos de luxo, quadros, fotografias, esculturas.

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No centro também há muitas lojinhas com souvenieres típicos do México, como desenhos aztecas, camisetas com o rosto da artista Frida Khalo e ricos bordados feitos à mão. Ainda, os famosos corações mexicanos e os espelhos emoldurados em azulejos.

IMG_5711.JPGMurais famosos

Rivalizando em esplendor com a catedral, ainda no centro, há o prédio de quase 250 anos onde funciona o Centro Cultural Ignacio Ramirez “El Nigromante”, também conhecido como Instituto Nacional de Bellas Artes. Primeiro um convento, depois faculdade de artes, hoje, totalmente reformado, ele funciona como centro comunitário e galeria de arte.

Os degraus de pedra são fundos no meio, resultado de séculos de uso. Embora haja cinco salas para mostras temporárias, o acervo permanente é o mais impressionante. Eles exibem afrescos de um dos maiores muralistas do México, David Alfaro Siqueiros.

Contato com os nativos

Outra parte do centro histórico que tem de ser visitada é a Praça Cívica. Além de ponto de encontro de moradores, ela é rodeada por lojas que servem basicamente aos locais (vendendo artigos de primeira necessidade a preços baratos), pelo antigo colégio de San Francisco de Sales e pelo Templo Nossa Senhora da Saúde.

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Templo de Nossa Senhora da Saúde, em San Miguel de Allende. Foto: Renato Alves

Construída no século XVIII, a igreja católica é uma das imagens mais representativas de San Miguel. A cúpula está coberta de azulejos amarelos e azuis. Ela conta ainda com uma fachada barroca em forma de concha, esculpida em pedra com nichos sobre as portas principais, dedicados a São Joaquim, Santa Ana, ao Sagrado Coração e a São João Evangelista.

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MEMÓRIA

Migração pós-guerra

Os estrangeiros, a arte e a importância histórica salvaram San Miguel. No início dos anos 1900, ela esteve perto de se transformar em uma cidade fantasma. Mas, em 1926, o governo mexicano a declarou monumento histórico. Desde então, as construções em seu centro estão limitadas para conservar o cenário colonial.

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A partir de 1950, San Miguel tornou-se destino de milhares de norte-americanos, onde começaram a estabelecer-se após a Segunda Guerra Mundial. No final de 1950, começou a virar um ponto turístico conhecido por sua bela arquitetura colonial e as suas fontes termais.

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Jornais mexicanos e estrangeiros à venda na praça principal de San Miguel de Allende. Foto: Renato Alves

Uma praça faz a alegria em San Miguel de Allende

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Conhecida como El Jardín, a praça principal do centro histórico de San Miguel de Allende reúne moradores e turistas.Foto: Renato Alves

Eliane Moreira (texto) e Renato Alves (fotos)

Como na maior parte das cidades interioranas, a vida em San Miguel pulsa ao redor de sua principal praça, conhecida como El Jardín. É o ponto de encontro dos moradores e turistas. O coreto faz a festa das crianças. Jovens e adultos preferem os bancos de ferro forjado sob as sombras de loureiros. Neles, descansam, conversam, namoram ou aproveitam a internet grátis fornecida por meio de pontos de wi-fi.

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Nos fins de semana, bandas se apresentam ao redor da El Jardín, comandando bailes ao ar livre no centro histórico de San Miguel de Allende. Foto: Renato Alves

Nos fins de semana e feriados, grupos de mariachis fazem apresentações públicas e gratuitas. Nas tardes e noites de sábado, a presença dos músicos transforma as ruas ao redor da praça em uma casa de shows a céu aberto, com muita cantoria, dança e bebedeira. Mas tudo sem bagunça. Crianças, jovens e idosos se misturam de forma respeitosa. E ainda há espaço para quem não quer entrar na dança. Sempre há um canto de paz na praça.

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Gente de todas as idades se reúne ao redor da El Jardín para conversar, paquerar, dança, cantar, beber. Foto: Renato Alves

 

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Paróquia de San Miguel Arcanjo, em San Miguel de Allende. Foto: Renato Alves

Paróquia

A principal construção da cidade fica em frente a El Jardín. A Paróquia de São Miguel Arcanjo começou a ser construída nos primeiros anos da cidade. Em 1564, estava concluído, com fachada em estilo barroco, mas, entre 1880 e 1890, após uma reforma, passou a apresentar um estilo neogótico, toda em pedras extraídas da região.


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Palco de tradicionais feirinhas de comidas e artesanato, com barraquinhas montadas na sua entrada, a igreja também proporciona cenas bucólicas. Em meio a vendedores ambulantes, famílias locais em um passeio de fim de semana, turistas e fiéis, noivas desembarcam em carros de época para suas cerimônias de casamento.

A igreja também sedia a mais importante festa local, que celebra o padroeiro da cidade: São Miguel Arcanjo. O evento acontece na última semana de setembro. Começa com o nascer do sol e termina com a tradicional procissão com a estátua de São Miguel Arcanjo nas ruas do centro da cidade. Paralelamente, são realizados eventos sociais, artísticos, esportivos, culturais, bem como suas famosas touradas.

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Coreto na El Jardín, a praça principal de San Miguel de Allende. Foto: Renato Alves

Herói nacional

Ainda vizinho a El Jardín, está a casa de Ignacio Allende, o herói insurgente da Independência que dá nome à cidade (leia Para saber mais). Ela abriga um museu dedicado a este personagem e ao seu papel na história do México. Erguido no século XVIII, o edifício tem um estilo barroco e mostra uma coleção de peças originais da época, assim como documentos e objetos históricos desde a fundação da cidade, passando pelo movimento de independência, até a morte de Allende.

PARA SABER MAIS

Histórico de luta

O monge franciscano Juan de San Miguel fundou o assentamento San Miguel el Grande, em 1542. A localidade era um importante ponto de passagem do Antigo Caminho Real, parte da rota da prata que conduzia a Zacatecas. Já um distrito, San Miguel ganhou destaque na Guerra da Independência do México (1810-1821).

Nascido no povoado, o general Ignacio Allende foi um dos líderes do movimento que pretendia tornar a colônia livre da Espanha. Mas soldados o capturaram quando marchava rumo aos Estados Unidos, em busca de armas.

Julgado em Chihuahua, Allende acabou condenado e executado. Exibiram a sua cabeça em Alhóndiga Granaditas, no estado de Guanajuato, com as cabeças de outras três lideranças: Miguel Hidalgo, Juan Aldama e Mariano Jiménez.

Em 8 de março de 1826, o governo mexicano elevou o povoado de San Miguel el Grande à categoria de cidade, sendo o nome mudado para San Miguel de Allende, em honra ao general Allende, herói nacional.