Natal sustentável em Pirenópolis

Cecília Pinto Coelho, do Correio Braziliense

Cerca de 150km separam Brasília da histórica Pirenópolis, cidade goiana fundada no século 18. O trajeto de carro é feito em apenas uma hora e meia, o suficiente para que o brasiliense se depare com uma paisagem totalmente diferente daquela da capital federal. A charmosa Piri já foi cenário de novelas como Estrela guia e Araguaia, e agora tem até fama internacional. Recentemente, foi carinhosamente denominada de “cidade dos Fuscas” no jornal norte-americano The New York Times.

Mas os encantos da cidadela vão além dos carros da década de 1950 e das exuberantes cachoeiras vistas na telinha da televisão. As casas coloniais, as bonecas namoradeiras nas janelas, a gastronomia e o canto dos periquitos são algumas das características que atraem, segundo dados da Secretaria Municipal de Turismo, 250 mil visitantes por ano. E, neste fim de ano, os turistas poderão ver um colorido diferente na cidade: a decoração para o Natal será toda feita a partir de material reciclado.

“Esperamos triplicar, em dezembro, o número de visitantes com relação aos outros meses do ano”, afirma o Secretário de Turismo, Sérgio Rady. A decoração natalina contará com 200 peças — entre renas, árvores, flores e trenós — feitas a partir de 400 mil garrafas pet. Só na árvore de Natal, serão usadas 30 mil. “Sentimos a necessidade de fazer um projeto com envolvimento social, cultural e ambiental, além do turístico”, avalia o secretário. A programação cultural para esse período ainda não foi definida, mas o brasiliense já pode ficar de olho nos pacotes montados por hotéis e pousadas (leia o quadro).

A pirenopolina Laisa Pereira, 18 anos, é uma das 150 trabalhadoras envolvidas diretamente na produção dos objetos. Além de receber uma bolsa mensal de R$ 300, ganhará um certificado quando o trabalho acabar. “Cortar as flores é fácil, o complicado é fazer a montagem”, diz. “Mas vale a pena, a cidade fica mais bonita e iluminada no fim do ano. Estou ansiosa para ver o resultado”, completa.

Conterrânea de Laisa, Andressa Daher, 27, vai aproveitar o aprendizado para vender peças recicladas no futuro. Por enquanto, se empenha das 7h às 12h, todos os dias, na confecção da decoração. “Este ano vamos ver a decoração mais bonita, será um dos melhores natais”, acredita.

O projeto surgiu a partir da dissertação de mestrado do paulista Giulliano Stucchi, feita há cerca de 10 anos em parceria com uma amiga. Desde então, Giulliano já montou diversos cenários natalinos pelo Brasil. O trabalho beneficiou crianças carentes, idosos e até presos em uma cadeia de segurança máxima. “É um projeto de arte que pode ser feito por qualquer pessoa”, explica Giulliano, que está na cidade desde 15 de setembro para organizar o evento. “Tivemos que realizar uma campanha ambiental e fazer palestras nas escolas para arrecadar o material”, acrescenta.

Sucesso

Desde já, a Praça do Coreto, famosa pela feira dos fins de semana — onde visitantes podem pechinchar em produtos artesanais —, exibe flores com pétalas brancas e vermelhas feitas com material reciclado. A professora aposentada Ivone Meister e a mãe, Lydia Lutz Meister, ambas paranaenses, aproveitaram para tirar fotos no local. “Achei lindo; isso incentiva a mudança em outros lugares, que gastam tanto com material de decoração e acabam não ficando tão bonitos”, observa Ivone.

“Já é a terceira vez que vimos para cá. Gosto muito da tranquilidade, do estilo de vida antigo, e as pessoas aqui são muito hospitaleiras. Já nos convidaram até no quintal de uma casa para comer jabuticaba no pé”, conta Ivone.

Quem leva
Viação Goianésia / (62) 3233-6593
Brasília-Pirenópolis: saídas diárias, às 6h30, às 10h, às 15h e às 17h30. Preço: R$ 19,50. Pirenópolis — Brasília: diariamente, às 7h, às 9h30, às 15h30 e às 19h. Preço: R$ 21.

Santo Antônio / (61) 3328-0834
Brasília-Pirenópolis: saídas diárias, às 8h30 e às 14h30. Preço: R$ 23. Pirenópolis — Brasília: diariamente, às 9h30 e às 14h30. Preço: R$ 21. Essa empresa não para na rodoviária. Os passageiros precisam descer no trevo de entrada da cidade.

Centro de Atendimento ao Turista
(62) 3331-2633, (62) 3331-1397

Rodoviária Interestadual de Brasília
SMAS, Trecho 4, Conjunto 5/6; (61) 3234-2185

Rodoviária de Pirenópolis
Rua Neco Mendonça, s/nº, Centro; (62) 3331 1080

Secretaria de Turismo de Pirenópolis
(62) 3331-2416

Site oficial da cidade
http://www.pirenopolis.go.gov.br

LEIA TAMBÉM

Pirenópolis sob o olhar do The New York Times

Festa Literária de Pirenópolis

Pirenópolis vira cenário de novela

Fazenda Babilônia

Todos os caminhos levam à piazza San Marco

Maurício Kanno, da Folha de S. Paulo

A piazza San Marco (note que essa é uma das poucas praças venezianas, já que as outras são denominadas “campo”) é, justificadamente, o ponto mais buscado pelos turistas em Veneza.

Uma vez na capital da antiga República Sereníssima, aproveite para curtir o passeio serpenteando o Grande Canal a bordo de um vaporetto (“ônibus aquático”).

Outra opção é caminhar -acostume-se mesmo a isso em Veneza; o tempo de percurso não difere muito se optar por percorrer as vias navegando.

Torres e colunas

Na Piazzetta, onde a piazza San Marco encontra o Grande Canal, o visitante será saudado por duas colunas de granito erguendo símbolos dos santos patronos da cidade. São um leão alado, para representar o segundo patrono, são Marcos, e uma estátua do patrono original, são Teodoro. As colunas foram erguidas em 1172.

Em frente, à esquerda, é possível subir até o alto dos 98,5 m de altura da Campanile, torre que já foi farol, posto de vigia e câmara de tortura. Custa 8 (R$ 19) e dá direito a uma vista panorâmica dessa cidade que parece flutuar, incluindo a visão da região lagunar que a circunda.

Próximo à torre Campanile, que pode ser vista de longe, visite o palazzo Ducale, com refinamento e detalhes em cada uma de suas salas internas. Os 14 (R$ 34) da entrada valem cada centavo.Na sala dello Scudo, há enormes globos e mapas de 1762 decorados na parede. Dois dos maiores e mais impressionantes aposentos, no entanto, são mesmo a sala del Senato e, principalmente, a sala del Maggior Consiglio. Neste espaço de 53 m de comprimento por 25 m de largura e 12 m de altura, cerca de 2.000 membros da aristocracia veneziana se reuniam em assembleia.

O tema geral das decorações internas é de nobres envoltos de santos e deuses greco-romanos, que figuram em pinturas, colunas e detalhes de lareiras, por exemplo. Tudo glorificando os doges -dirigentes máximos da então República de Veneza- que governavam dali.

E há ainda o “itinerário secreto”, a reservar com antecedência. Ele entra na área das sombrias prisões, dando um clima bem diferente para o passeio.

Cenários de filmes em Toronto

Renato Alves (texto e fotos)

Muitas das cenas de filmes famosos que você imagina se passar em alguma metrópole norte-americana na verdade foram rodadas em Toronto. E nenhum ponto da cidade canadense serviu e serve mais de cenário para os longametragens do que uma antiga destilaria de uísque (foto abaixo). Inaugurada em 1832 e já desativada (veja Para saber mais), ela foi palco de locações de grandes sucessos como X-Men, Chicago, Refém do silêncio e A Luta pela esperança.

O espaço de mais de 56 mil metros quadrados, que nos anos 1990 se tornou a locação de cinema mais usada no Canadá e o segundo maior set de filmagens fora de Hollywood, também é um dos melhores pontos para comprar, comer e beber em Toronto. Transformado em centro cultural em 2003, após reforma dos prédios da velha destilaria, o complexo tem restaurantes, cafés, lojas de decoração, ateliês e galerias de arte.

Como toda a cidade, a destilaria ferve no verão, quando os restaurantes colocam as mesas para fora. Entre outras coisas, você pode experimentar os pratos do Pure Spirit Oyster House & Grill, que ainda fabrica cerveja orgânica. Também há uma fábrica de chocolate com sua charmosa e tentadora lojinha, uma autêntica cervejaria com a bebida servida direto da fábrica, e cafés com decorações, livros, revistas e conforto que convidam a uma longa parada.

Simplesmente caminhar pelo centro de arte e lazer já é um prazer. Por isso se vê tantos casais, idosos e pais com crianças nas ruelas — restritas a pedestres e ciclistas — entre os muito bem cuidados prédios de arquitetura industrial vitoriana. Também há muitas esculturas ao ar livre e uma extensa programação de eventos ao longo do ano, incluindo música ao vivo, espetáculos de dança, exposição de fotografia e outras atividades. Nos fins de semana, há uma feirinha de artesanato.

Ostentação

Depois da destilaria, um castelo é o principal set de filmagens em Toronto. Considerada a maior residência da América do Norte até 1914, a Casa Loma (primeira foto) fica atrás apenas da CN Tower em número de visitantes na cidade. Com 98 cômodos, ela ainda é uma das maiores residências do Canadá. Suas suítes são decoradas com obras de arte de todos os cantos do mundo. Boa parte da mobílias e objetos  decorativos são originais.

Com três andares mais o subsolo, a mansão é fruto da imaginação de um próspero homem de negócios, Sir Henry Pellat. Além da decoração, o palacete tem passagens secretas, um túnel, torres, estábulos, e enormes jardins — abertos somente de maio a outubro. Outro atrativo é a cúpula de vitrais do jardim de inverno. Mas nada traduz melhor a excentricidade do seu construtor que o banheiro de luxo usado por ele.

A quantidade de cômodos e sua grandiosidade fizeram da Casa Loma um cenário perfeito para filmes de gêneros diferentes. Em seu bar, gravaram cenas de Cocktail, com Tom Cruise. A casa é a mesma da escola de mutantes comandada pelo Professor Xavier, líder dos heróis de X-Men. Os fãs da série a indentificam facilmente por seus corredores todos em madeiras e pela biblioteca com mais de 10 mil livros.

PARA SABER MAIS

Situado no centro da cidade, o Distillery District abrigava, em 1832, a destilaria Gooderham and Worts. Letreiros do empreendimento ainda podem ser vistos no agora complexo cultural. Fundado por um imigrante escocês como a maior destilaria no Canadá, o lugar é importante na história de crescimento econômico da cidade e da nação. Tanto que a empresa se tornou a maior destilaria do mundo. Ela fechou as porta depois de 153 anos produzindo bebidas alcoólicas, como uísque e rum. No fim de 2001, a Cityscape Development comprou toda a área. Desde 2003, transformou o lugar em um distrito histórico. O complexo de 43 prédios tem o característico padrão de design industrial do século 19. Quase todo em estilo vitoriano, que, ainda hoje, é o maior da América do Norte.

Sabores variados

A cervejaria artesanal Mill Street é um orgulho dos moradores de Toronto. Suas cervejas, em quatro tipos, incluindo uma com sabor de café, são encontradas em diversos bares da cidade. Na loja da destilaria, você experimenta a bebida na temperatura ideal, em meio aos fãs de esportes canadenses que se unem nas cadeiras de madeiras em frente aos monitores de TV.


Guerra dos mundos

Uma das mais interessantes obra é a IT, criada pelo artista Michael Christian sob inspiração do clássico Guerra dos Mundos, de H. G. Wells. Com mais de 12 metros de altura, ela dá a impressão de que uma grande aranha de metal anda pela região. Do mesmo autor, Koilos também é feita de metal e, com seus pouco mais de 4m de altura, é muito fotografada pelos turistas.

Festival badalado

Toronto sedia um dos três mais importantes festivais de cinema do mundo. O Toronto International Film Festival, mais conhecido pela sigla Tiff, ocorre sempre em setembro. Aberto ao público, movimenta a cidade nos dias de exibições dos filmes. Vencedores do Oscar, como O discurso do rei e Quem quer ser um milionário?, estrearam no Tiff. Este ano, Heleno, com Rodrigo Santoro, teve a primeira projeção no festival. O evento ganhou recentemente um centro multiplex, apelidado de Bell Lightbox, que mantém uma programação regular de mostras de filmes de arte, temáticos ou de diretores, além de um dos restaurantes mais badalados da cidade.

LEIA TAMBÉM

Arquitetura, cores e sabores canadenses

Onde o céu é o limite

O endereço dos descolados em Toronto

A mais quente cidade do Canadá

Pirenópolis sob o olhar do The New York Times

Seth Kugel, do Frugal Travelver, blog do NYT

Às vezes, em pequenas cidades, em terras distantes, você faz coisas que não faria em casa, como pendurar na metade traseira de uma moto com solavancos por estradas não pavimentadas. Em Pirenópolis, no Brasil, uma gracinha, cidade colonial distante 85 milhas a oeste de Brasília, moto-táxis são o sistema de transporte público e a principal forma, se você não é parte de um grupo de turistas, para chegar às cachoeiras. Você ganha um capacete próprio e, se tiver sorte, um motorista chamado Wesley, que por uma manhã de terça, no início de setembro, também serviu como meu guia turístico de fato. Nós caminhamos em trilhas acidentadas e mergulhamos em cachoeiras, e Wesley correu para o cerrado para arrancar suculentos cajus para fazermos um lanche.

Wesley e eu tínhamos as cachoeiras quase perto de nós, um truque, considerando que Piri, como a cidade de 23.000 habitantes é conhecida, é muitas vezes cheia de turistas e a segunda casa para escapar de Brasília e Goiânia, as duas cidades mais próximas. Na verdade, não é um truque: eu simplesmente fui num dia de semana.

Por mais encantadora que seja, Pirenópolis, provavelmente, não vale a pena uma viagem por conta própria. Mas minha visita emparelhada com um fim de semana em Brasília, a capital da nação, porque os políticos brasileiros (e aqueles que cortejá-los) abandonam a cidade de sexta a segunda-feira, tornando-o o tempo ideal para pontuação do hotel íngremes e descontos para carros.

O apogeu de Piri foi durante uma corrida do ouro do século 18, e à sua arquitetura bem preservada colonial a cidade foi adicionado um artsy, artisany vibração (há muitos, muitos velhos Fuscas), e restaurantes que servem tanto quanto cozinha internacional e pratos típicos da região, conhecido como do cerrado. Na segunda e terça-feira, eu tinha o lugar praticamente para mim. Conseguir um desconto de mais de 50% para um quarto na Pousada do Abacateiro, que ofereceu um quarto com pequeno-almoço por R$ 70.

Escolhi isso depois de escrever e-mails para uma dúzia de pousadas listados no site pirenopolis.tur.br buscando descontos de semana, mas tinha pouco mais para onde ir, mas no preço. Opiniões on-line (mesmo no TripAdvisor, normalmente onipresente) eram escassos. Minha pousada acabou por ser uma confortável estadia, centralmente localizada em um prédio muito antigo, colonial. Um café da manhã com frutas, pães, café e suco foi incluído.

Fernando Esselin, um amigo de um amigo que em janeiro mudou-se para fora de Piri com sua esposa, Karina Castardelli, e já parece conhecer a todos, disse que a calma da cidade de semana desapareceu quando os turistas de fim de semana chegaram, e que ele tentou ficar longe quando possível . Mas este não foi o fim de semana, e ele estava feliz por se juntar a mim para cervejas nas mesas ao ar livre no Café Pireneus.

Karina estava feliz de me atualizar sobre a cena Piri de compras. Quando eu elogiei sua bolsa (não é uma reação que eu normalmente teria de apetrechos femininos), ela me orientou para a loja onde ela tinha comprado: Capitão Sujeira, que vende bolsas descontroladamente criativas, casacos e outras roupas feitas principalmente a partir de materiais reciclados (e onde eu, um cliente relutante, comprei uma mochila perfeita para a montagem de um computador e câmera, por R$ 120).

A melhor dica que Fernando e Karina me deram, porém, foi para visitar a oficina fora da cidade onde as três jovens irmãs Alvarenga, Celina, Celene e Celestina, usam teares de madeira construído por seu pai para produzir tecidos tradicionais usando padrões transmitidos através de gerações.

Se as portas da garagem de tamanho de madeira para sua loja, A Tecelagem Trama (Rua José Dornelles Jayne, Quadra 1, Lote 4A na GO-338 rodovia estadual), estiverem fechados, não se preocupe: basta deslizar o beco para a esquerda para ver se há alguém no workshop abaixo. Os preços são incrivelmente baixos — para competir com a máquina de fabricação de trabalho na cidade, disseram as irmãs – e eu não pude resistir (mais uma vez, estranhamente), gastando R$ 45 em um capacho de correspondência e tapete do banheiro, que instantaneamente se tornou adições preciosas e coloridas ao meu apartamento em Nova York.

A viagem para a loja requer um passeio de moto-táxi, mas o centro da cidade é bom para vagar a pé e, apesar de muitos lugares estarem oficialmente fechados no início da semana, não necessariamente me impediram de vê-los. Por exemplo, o Museu de Arte Sacra – alojado em uma antiga igreja – não foi aberto na segunda-feira, mas desde que as portas estavam abertas, eu entei e peguei um tour personalizado do diretor, que explicou como as cruzes e os ícones tinham sido salvos de igrejas na cidade que tinha sido fechada ao longo dos anos.

Na primeira noite, Fernando se juntou a mim para um Pirenópolis padrão: empadões barato e pamonhas, que são essencialmente as versões da região de tortas e tamales. Eles vêm quente para fora do forno no fim da tarde na Pamonharia Peixoto, na Rua Direita, ou em vários outros pontos no mesmo bloco pitoresco. Há também uma loja de fantásticos artesanal sorvete, chamado Colorê (Rua do Bonfim, 15A), com sabores como caipirinha e baru, uma castanha que cresce na região. Como foi feito? Quando perguntei à jovem empunhando a colher quem fez o sorvete, ela respondeu: “Eu”.

Na segunda à noite, uma busca por um restaurante mais formal que serve cozinha regional falhou. Como muitos restaurantes, fecha às segundas e terças-feiras. (Vir na cidade na quarta-feira e quinta-feira teria sido uma jogada mais inteligente). Então eu tirei o trem frugal, título com Fernando a Empório do Cerrado, ao longo da Rua da Rua do Lazer – literalmente, Rua de Lazer. Prato principal: tiras de filet mignon em um doce de caju com molho de maçã, “charutos”, risotto de açafrão envolto em taioba (uma folha spinachlike). Com sobremesa e uma cachaça ou dois, ele me jogou pra R$ 72 reais, mais do que o custo do meu quarto, mas valeu a pena.

A melhor parte da minha jornada em Pirenópolis foi minha aventura cachoeira. Lá estava eu, cerca de 15 milhas fora da cidade, saltando ao longo de uma estrada de terra esburacada, pendurado na melhor maneira possível e ver como infinitos Fuscas vieram bater a estrada na direção oposta. Lidar com eles é otimo nas estradas não pavimentadas, Wesley disse.

Eu tinha contratado Wesley em um stand de moto-táxi oficial na cidade. Ele tinha concordado em levar-me nas propriedades privadas, onde ficam as cachoeiras em torno de Pirenópolis, como a Vargem Grande e a Abade, por R$ 35. (Essa é a taxa normal para visitar Abade, eu tenho que dar uma parada em Vargem Grande, um pequeno desvio.)

Abade foi a melhor das duas: por R$ 30, andei por caminhos perfeitamente mantidos, acompanhado por Wesley (que ficou livre), parando em uma lagoa de peixes natural, espionando sobre as aves recém-nascido em um ninho altura da cintura e uma escalada até uma pequena cachoeira antes de mergulhar na água na cachoeira Abade principal.

Wesley não apenas foi nadar comigo e serviu como meu (muito ruim) fotógrafo, mas ele também me encantou com seu amor ao cerrado, as planícies secas que cobrem grandes áreas do Brasil central e produzem todos os tipos de frutas incomuns. Ele disse que nunca tinha ido a São Paulo ou ao Rio de Janeiro, duas megacidades do Brasil, mas sabia que ele não gostaria, a partir de tudo o que tinha visto e ouvido.

Ele imediatamente cumpriu o meu pedido ao ver uma árvore de pequi, que dá os frutos mais comumente associado à culinária local, em que muitas vezes é usado para o dar sabor ao arroz. Eu considero-o vegemite do cerrado: em outras palavras, um gosto adquirido que é muito difícil de adquirir. Mesmo picolés de pequi, que ficou enraizado ao local, obrigaram-me a tentar, não são susceptíveis de ganhar uma sequência internacional.

Quando a viagem acabou, eu tinha a mais barata refeição na cidade: o buffet na varanda da Casa Melo supermercado (Rua Sizenando Jaime, 30). Por R$ 7 reais, meus amigos — há um buffet ilimitado de arroz, feijão, carne, frango e massas, além de um bufê de saladas e doces tradicionais para a sobremesa. Perfeito para um almoço pós-cachoeiras, e, me desculpe dizer, não se encontra online. Esse é o tipo de conselho que só vem de um mototaxista.

SE VOCÊ VAI

Piri é uma ótima viagem se você está visitando Brasília ou vai fazer um amplo tour através da cidade e parques nacionais da região do cerrado. O ônibus de Brasília é fácil e barato: a Viação Goianésia tem quatro horários por dia e cobra cerca de R$ 20 em cada sentido. Pirenópolis tem infinitas pousadas listadas em vários sites, que você pode reservar por e-mail ou pelo telefone.

Arquitetura, cores e sabores canadenses

Renato Alves (texto e fotos)

A Nathan Philips Square e seu entorno estão entre os melhores pontos para conhecer exemplares da arquitetura de Toronto. A bela e ampla praça abriga a prefeitura, um conjunto com dois prédios que remetem aos traços de Oscar Niemeyer. A obra causou polêmica ao ser inaugurada, em 1964. Além dos edifício e de um enorme espaço vazio, ocupado durante eventos culturais e festivos, há um lago coberto por arcos de concreto. Nos meses de inverno, ele vira um concorrido rinque de patinação.

Ao lado da praça, fica a elegante prefeitura antiga (foto acima), do século 19 e cheia de colunas com desenhos. Apesar da beleza, o prédio quase veio abaixo para dar lugar ao substituto. Hoje, sedia o fórum e a Secretaria de Justiça municipal. Além de ponto para prática esportiva, agitação cultural e descanso, a praça serve de local de partida para conhecer parte da cidade subterrânea.


Mas não espere ver casas e estradas debaixo da terra. Conhecida como PATH, a passarela subterrânea tem 16km de extensão e é muito usada pelos moradores no rigoroso inverno canadense. Ladeada por lojas de todos os tipos, ela liga o metrô e o trem de subúrbio a alguns dos principais edifícios. O Shopping Eaton Centre é um dos prédios ligados pela PATH. Por essa rede, por exemplo, chega-se também à CN Tower e ao Rogers Centre.

Aos domingos, na quadra em frente ao mercado, pequenos comerciantes montam uma feira de objetos de arte e artigos para decoração. Ao lado, há um dos melhores mercados de antiguidade de Toronto, onde vendem-se discos de vinil, revistas, quadros, porcelanas, móveis e outros artigos.

Mostarda

Mas, vale lembrar, a PATH só é necessária durante o inverno. Por ela, não se conhecem outras belezas da arquitetura local, como o St. Lawrence Market (foto acima). Muito frequentado por quem vive em Toronto, o mercado é ponto obrigatório de visitação. Ele oferece queijos, frutas, verduras, frutos do mar, objetos de arte, suvenires e uma vasta quantidade de guloseimas.


Também localizado no centro, perto do Eaton Centre, o mercado é formado por dois prédios (Norte e Sul) de tijolinhos à vista, localizados em uma das áreas mais bonitas de Toronto, próxima ao cruzamento da Front Street com a Jarvis. O conjunto, que começou a ser erguido em 1803, já abrigou a prefeitura. Limpo e organizado, ele ainda conta com bares e restaurantes nas áreas interna e externa.

A diversidade cultural encontrada em Toronto está presente em cada canto do mercado. Em uma só loja, é possível encontrar funcionários e produtos vindos de diferentes lugares do mundo. Há ainda uma diversa variedade de vinhos canadenses, produzidos na província de Ontário, na região de Niágara. Nativos e visitantes também adoram a variedade de mostardas feitas no Canadá.

Vitrais

A três quadras dos mercados, um belo exemplar da arquitetura canadense também é uma oportunidade para conhecer um pouco da história e da religiosidade desse povo. Com sorte, na igreja anglicana, com vitrais muito bem cuidados, o visitante ainda pode desfrutar de um concerto de órgão ao vivo.

LEIA TAMBÉM

Onde o céu é o limite

O endereço dos descolados em Toronto

A mais quente cidade do Canadá

Onde o céu é o limite

Renato Alves (texto e fotos)

Morar e sair à noite no centro de Toronto é chique. Na muito bem planejada e ocupada cidade canadense, até o distrito financeiro e a zona portuária são frequentados por moradores e turistas de dia, à noite e nos fins de semana. Segurança é um quesito com o qual o visitante não deve se preocupar em ponto algum em um dos mais tranquilos municípios do mundo.

Coladas ao centro, essas áreas são separadas pela CN Tower, o ícone de Toronto. Construída entre 1973 e 1975, foi concebida pela Canadian National Railway para resolver problemas de comunicação. Os grandes prédios do centro dificultavam a radiodifusão e a alternativa estaria na instalação de antenas mais altas do que os arranha-céus.


Passados 35 anos da inauguração, a CN Tower — antigamente a maior de todas as construções do mundo — ainda é a mais alta estrutura sem sustentação. Com 553m, oferece as mais deslumbrantes vistas de Toronto e do Lago Ontário. Com tal tamanho, claro, tornou-se ponto de referência.


O tour, que começa em uma ampla loja de suvenires com tudo imaginável da torre (copos, canetas e camisetas, para enumerar o mais básico), inclui uma parada em um observatório, a 342m do chão, onde fica um restaurante panorâmico e giratório, que percorre os 360 graus da torre em 72 minutos. Um andar abaixo, há outro observatório, com parte do piso em vidro. A mesma impactante visão o visitante pode ter dentro dos elevadores, onde parte do piso é transparente.

Mas não é preciso tanta adrenalina nem olhar para tão longe. Dentro do observatório (protegido por grossos vidros), olhando-se para baixo, veem-se as belas ilhas do Lago Ontário, os edifícios do centro e o Rogers Centre (foto acima).

Inaugurado em 1989 com o nome de Sky Dome, é o primeiro estádio com teto móvel. Funciona como casa do Blue Jays e do Argonauts, os times de beisebol e futebol americano de Toronto, respectivamente. Ambos disputam o equivalente à primeira divisão da liga norte-americana.

Quem ainda assim não ficar satisfeito pode comprar o bilhete de acesso ao Sky Pod, a plataforma de observação máxima da torre, a 447m de altura. De lá se tem uma visibilidade de até 160km de Toronto e da região. Significa que, num dia ensolarado, você pode ser presenteado com a vista das Cataratas do Niágara. Há quem diga ser possível ver até a cidade norte-americana de Rochester.

Os mais aventureiros ainda podem se arriscar do lado de fora da torre. A brincadeira, que custa cerca de R$ 300, consiste em uma caminhada a mais de 300m de altura, com direito a exercícios como jogar o corpo para trás e para frente. A queda livre é impedida apenas por um fino cabo.

Esportes

Além do teto retrátil, que leva apenas 20 minutos para abrir ou fechar — muito usado em caso de chuva ou neve —, o estádio tem como marca um friso do artista Michael Snow. Batizada de O público (foto acima), a obra bem-humorada retrata 14 fanáticos espectadores. Se tem tempo de sobra, vale a pena ir à arena em dia de jogo, mesmo sem entender nada de beisebol ou de futebol americano.

Em uma tarde ou noite no Rogers, o visitante conhece muito da cultura esportiva canadense e se enche de guloseimas locais. Balas, chicletes e doces de todos os tipos são distribuídos de graça por promoters fora do estádio e vendidos dentro, onde, reza a lenda, também é servido o mais barato hot dog de todos os estádios do mundo. Há ainda um Hard Rock Café com vista para o campo de jogo.


Mas a maior paixão esportiva dos canadenses é o hóquei no gelo. Mesmo que você não conheça as regras do esporte, vai se divertir no Hockey Hall of Fame (foto acima), a duas quadras do Rogers Centre. No museu, em um dos mais modernos edifícios de Toronto, há de tudo sobre a modalidade: uniformes, fotos, vídeos e até réplicas de vestiários. Mas o melhor é arriscar tacadas na área interativa do museu.


Sem precisar de calçado ou de roupa especial, o visitante fica frente a frente com um dos melhores goleiros do esporte. Com taco e disco de verdade, o atacante de verdade tenta fazer gol no defensor visualizado em um telão. Uma maravilha da alta tecnologia. Se quiser, há a opção de inverter o papel em outra quadra, vestindo a parafernália de um autêntico goleiro. Isso sem contar os inúmeros jogos em consoles.

Forma de ferradura
Pegando um trem na estação central de Toronto, em duas horas se chega a uma das mais bonitas quedas d’água do mundo. Excursões de ônibus também fazem o percurso. Com 57m de altura, as quedas do Rio Niágara têm a forma de uma ferradura. O local conta com boa estrutura para os visitantes. A melhor maneira de sentir a força das cachoeiras é embarcar no barco Maid of the Mist. Ele parte de um embarcadouro e vai até o pé das quedas d’água.

LEIA TAMBÉM

O endereço dos descolados em Toronto

A mais quente cidade do Canadá

O endereço dos descolados em Toronto

Renato Alves (texto e fotos)

Hotéis-butique, lojas de design, cafés e boates badaladíssimas. O extremo oeste da Queen Street, conhecida como West Queen West, reúne o que há de mais moderno na moderníssima Toronto. Endereço certo para os apaixonados por moda, os baladeiros e o público gay.

O bairro entre as avenidas Gladstone e Palmerston ainda está em transformação. A mudança foi iniciada nos anos 2000, quando charmosos (mas decadentes) casarões de estilo vitoriano começaram a ser ocupados por galerias de arte contemporânea, lojas de decoração e butiques de artistas locais.


Sugestão: comece a visita pelo Hotel Gladstone, o mais antigo da cidade. Ele fica na esquina da Queen Street com a Gladstone Avenue. Além do restaurante-café, tente visitar um dos 37 quartos do empreendimento. Cada um deles recebeu decoração de um artista diferente.

Após deixar o Gladstone, dê início à caminhada em direção ao centro. Logo encontrará outro boutique hotel, o Drake (foto abaixo), que também oferece quartos confortáveis e muita cultura. Além do bar externo, conta com uma boate no subsolo e um agradável bar na varanda.


Ao longo da Queen Street West, não deixe de entrar em cada loja de design. Você encontrará estilosas camisetas, bolsas e peças decorativas para casa. A extensa avenida também abriga lojas de vinil, livrarias especializadas, bistrôs. Claro que tudo tem seu preço. Mas, às vezes, vale a pena só observar e admirar o poder criativo dos canadenses.

A arte está expressa também em fachadas de lojas e postes de rua. Eles são cobertos por grafites, como os vistos em toda grande metrópole, e por cartazes bem bolados, que anunciam todo tipo de evento.

O melhor museu

Aproveitando o passeio cultural, uma dica é unir o passeio pela West Queen West a uma visita à Art Gallery of Ontario, no mesmo dia. Considerado o melhor museu do Canadá e um dos melhores do mundo, reúne mais de 68 mil obras, com destaque para a rica coleção de artistas canadenses, arte inuíte — feita pelos nativos esquimós — e clássicos europeus.

Como todo grande museu que se preze, tem uma loja. Mas não é uma lojinha qualquer. Nessa, pode-se comprar até grandes peças decorativas para casa. Há ainda um charmoso café anexo. No mesmo quarteirão do museu, uma atração à parte é a arquitetura do prédio sede do Ontario College of Art and Design, na McCaul Street. O prédio foi erguido sobre três estacas de 30m de altura.

DICAS

CLIMA
Toronto registra as temperaturas mais baixas de novembro a março: elas podem chegar a -11ºC. Em abril, maio, setembro e outubro, a temperatura fica amena durante o dia, com os termômetros marcando de 12ºC a 21ºC, e chega aos 4ºC à noite. Os meses mais quentes são junho, julho e agosto, com temperaturas variando de 11ºC a 27ºC.

ONDE COMPRAR
Eaton Centre — O shopping, no centro da cidade, reúne grifes famosas, lojas de material esportivo, eletrônicos, brinquedos e livrarias (foto).

Vaughan Mills — Localizado a cerca de 40 minutos do centro de Toronto (há traslado gratuito), o outlet tem lojas com preços normais (já bem baratos para os brasileiros) e grandes pechinchas.

ALGUNS MUSEUS
The Bata Shoe Museum — Exibe a rara e exótica coleção de sapatos de Sonja Bata e de celebridades, como Elton John, Elvis Presley, entre outros. Ingressos: CAD$ 14 (adultos), CAD$ 12 (maiores de 65), CAD$ 5 (visitantes de 5 a 17 anos) e entrada franca para menores de 5 anos.
Art Gallery of Ontario — Guarda uma das mais extensas coleções de arte e escultura moderna do Canadá. Ingressos: CAD$ 8.
Royal Ontario Museum — Acervo vasto e extremamente variado de artes puras e aplicadas, ciências naturais e arqueologia. Ingressos: CAD$ 15.

PARA CRIANÇAS
Canada’s Wonderland — Complexo de diversão, a meia hora da cidade, com diversos brinquedos, parque aquático e shows musicais. Ingressos: CAD$ 52.

Toronto Zoo — Considerado um dos melhores zoológicos do mundo, ocupa uma boa parcela do Rouge River Valley e tem fácil acesso, tanto de carro quanto por transporte público. Ingressos: CAD$ 19.

Imposto alto
Com a moeda local valendo alguns centavos menos que o dólar norte-americano, o Canadá também é um excelente destino para compras, em especial de roupas de grife, calçados, cosméticos e produtos eletrônicos. Mas o turista brasileiro precisa ficar atento a uma informação omitida nas vitrines e nas etiquetas: os preços dos produtos não incluem o imposto, atualmente em 13%. Diferentemente do que ocorre em outros países, o visitante não tem direito a reembolso (chamado de tax refund) dessa taxa.